Palavra da Direção

Direção Nacional mobiliza estados para recolher contribuições

Estimadas/os irmãs e irmãos das Coordenações Estaduais,
Um abraço grande!

“É para a liberdade que Cristo nos libertou. Fiquem firmes, portanto, e não se deixem
prender de novo ao jugo da escravidão” (Gálatas 5,1)

Ainda ecoam em nossos corações as boas energias e a riqueza da convivência de nossa 21ª
Assembleia Nacional, realizada em novembro do ano passado. Atenta aos clamores de nossos dias, a Assembleia definiu como eixo de ação para os próximos anos Superação de Fundamentalismos e Intolerâncias.

As sociedades atuais, marcadas por opressões, desigualdades, manipulações e domínios,
fecham-se em práticas/ações intolerantes e fundamentalistas. O ódio contra minorias sociais e religiosas se exacerba, muita violência vem sendo praticada em nome da Bíblia. Ao assumir esse eixo de ação, o CEBI se compromete, à luz da Palavra libertadora, a analisar os diferentes fundamentalismos que querem negar à sociedade possibilidades de mudanças, de diálogo de convivência harmoniosa entre as pessoas e entre o ser humano e a natureza; e a buscar caminhos de superação.

Acompanhamos a cada dia ações e práticas de quem não tolera conviver com quem possui
uma fé ou crença diferente da sua; de quem experimenta outra prática religiosa e outra inserção pastoral; de quem vive em orientação sexual diferenciada; de quem tem outra bandeira política ou outro projeto econômico. A explicitação desse quadro se deu, nos últimos dias, com a morte violenta e orquestrada de Marielle Franco, por interesses que sabemos quais são, seguida de uma intolerância imperante através da circulação de mentiras a respeito de sua pessoa.

Nossa fé nos ensina que Deus nos sonhou plurais e que a diversidade nos enriquece e nos
completa. A Vida em comunidade e a leitura da Bíblia devem nos ajudar a fazer acontecer em nossos espaços a superação de fundamentalismos e intolerâncias que não deixam o Reino acontecer. Essa é nossa forma de repetir o apelo profético: “Não nos conformemos ao esquema deste mundo, mas o transformemos” (Rm 12.1-2).

É com esse espírito que queremos planejar juntas e juntos as ações do CEBI para o próximo triênio (2019-2021). Construção dialogada, na escuta das necessidades de cada Estado, de cada Região e de cada momento de afirmação do CEBI, requer circularidade e pertença. É urgente que a leitura da Bíblia a partir da defesa da Vida das/os pobres e oprimidas/os faça a diferença ao desconstruir as leituras intolerantes e fundamentalistas!

Neste sentido, o primeiro passo que queremos dar é recolher as propostas e sugestões de
cada Estado e Região, em relação às seguintes questões:
  1. Levando em conta o nosso específico (a Bíblia como ferramenta de trabalho), que ações podemos realizar enquanto CEBI (em seu Estado e em nível nacional) para colher resultados concretos na superação de fundamentalismos e intolerâncias?
  2. Que tipos de parcerias podem ser desenvolvidos junto à sociedade civil para avançarmos conjuntamente/irmanadamente? Com quais entidades/grupos /pastorais/movimentos sociais e religiosos podemos construir tais parcerias?
  3. Que materiais podem ser produzidos nesse sentido (cartilhas, vídeos, etc…)? Quem o Estado ou a Região indica para contribuir?

A partir do Conselho Nacional e das Secretarias em articulação com os Estados, definiremos melhor o agrupamento de nossas ações. Um barco para uma boa direção precisa do leme e julgamos que conjuntamente em nossas atividades e ações no enfrentamento e na superação de intolerâncias e fundamentalismos, necessitamos de três lemes (que podem e devem ser trabalhados simultaneamente e entrecruzando diferentes perspectivas e dimensões):

1. Enfrentando o fundamentalismo religioso

Neste leme, serão agrupadas atividades que denunciem e busquem a superação das
diferentes formas de intolerância religiosa (perseguição a religiões indígenas e de matriz
africana, negação das diversidades, moralismos excludentes, etc.). É de fundamental
importância pensar a radicalidade e amplidão do ecumenismo que deve nos acompanhar
e que precisamos seguir.

2. Enfrentando o fundamentalismo político-econômico

Neste leme, a opção política a partir dos grupos empobrecidos, necessariamente nos
impulsiona para ações proféticas no enfrentamento dos fundamentalismos de mercado,
das falsas doutrinas dos “direitos” da propriedade privada, do pensamento único
neoliberal (que nega o direito à vida digna, o direito à posse da terra e o cumprimento da
justiça socioambiental).

3. Enfrentando o fundamentalismo do patriarcado

O leme na potencialidade das mulheres nos chama para ações a partir da Leitura
Feminista da Vida e da Bíblia. As discussões de gênero devem ser assumidas e
defendidas com mais propriedade na caminhada do CEBI, de forma a nos ajudarem no
enfrentamento dos machismos, dos patriarcados e dos kyriarcados. Mulheres, crianças e
jovens não podem continuar sendo violentadas por um modelo androcêntrico e
adultocêntrico.

O primeiro passo, para a construção de nossas reflexões no eixo de nossos estudos e ações nos próximos anos é, fundamentalmente, o estabelecimento de ações conforme os três lemes de nosso embarque na superação das intolerâncias e dos fundamentalismos. Contamos com cada uma e cada um neste caminho e busca! E chamamos a atenção para a participação efetiva das juventudes nesse processo!

Faça parte!

Vamos nos reunir (Conselho Nacional e Secretarias) nos dias 27 a 30 de abril em Brasília. É importante então que as sugestões sejam encaminhadas através dos/as representantes da região e/ou em correspondência (e-mail) para a Secretaria de Articulação  [email protected]) e para a Direção Nacional ([email protected]).

Na certeza da presença em nossas lutas de tantas irmãs e irmãos que viveram o ágape (amor-entrega pela vida, pela causa e pela luta!), queremos nos fortalecer com a coragem do enfrentamento e da palavra da liderança indígena Alessandra Munduruku:

“Os rios são nosso sangue,
A água é sagrada
É nossa mãe
Queremos nossa
Floresta de pé,
Nossos rios limpos!
Estão matando a natureza,
Querem exterminar nós filhos
Da terra e das águas
Mas nós Munduruku
Não vamos deixar,
Vamos fazer alianças
Com ribeirinhos, quilombolas, pescadores

Vamos lutar juntos,
Com outros países e povos!
As hidrelétricas, ferrovias, mineradoras,
A soja não vão passar,
Nosso sangue vamos derramar
Se for preciso, para o Tapajós
E todos os rios salvar!
Com esta poesia.

Axé! Awerê! Shalom! Aleluia!

Assinado pela Direção Nacional do CEBI.

Rafael Rodrigues da Silva
Diretor Nacional

Lucia Dal Pont Sirtoli
Diretora Adjunta

Maria de Fátima Castelan
Diretora Adjunta

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