por Direção Nacional do Centro de Estudos Bíblicos*
EM MEMÓRIA DO GRITO DELA… A terra e a floresta gemem
Nestes dias em que as sociedades humanizadas começam a se posicionar socialmente e ecologicamente falando em defesa da Amazônia, ouvimos atônitos as autoridades brasileiras preocupadas com o mercado e seus projetos neoliberais a vociferar asneiras e palavras infundadas sobre aquecimento global, desmatamento e proteção da Amazônia.
Quando os olhares de vários países se voltam para o Brasil e a preocupação com o “pulmão” do mundo; quando as tradições originárias do Brasil são ameaçadas e violentadas desde seu habitat e, mesmo assim, se fortalecem na resistência e na teimosia pela proteção da mãe terra (lembremos da marcha das mulheres indígenas em Brasília com o tema Território: nosso corpo, nosso espírito); quando organizações não-governamentais protestam contra o governo e sua política de privatizações, destruição da natureza e não adesão às proposições internacionais em defesa do meio ambiente; enquanto isso, uma parcela da sociedade se indigna e ensaia seus protestos e oposições e outra parcela da sociedade se apresenta alheia e expõe preocupações e opiniões que giram em torno dos acontecimentos no capítulo da novela, na compra de uma mercadoria, nas “verdades” que circulam no Facebook e nas redes sociais e na repetição de discurso falacioso, mentiroso e ganancioso daqueles que estão fazendo a natureza sangrar.
Este governo e seus aliados que agora se assentam no Planalto Central estão depredando a natureza, eliminando a consciência ecológica e cometendo um grande eco-cídio. As queimadas que se alastram extrapolam a dimensão dos problemas naturais e seguem para a direção de crimes socioambientais: Os gemidos da terra e da floresta Amazônica neste momento se encontram com os gemidos do rio Doce em Mariana/MG e o rio Paraopeba em Brumadinho/MG. Também o grito da floresta aumenta com os gritos das mulheres e das adolescentes diante do feminicídio e da violência contra seus corpos.
O CEBI quer unir a sua voz aos protestos e rechaços das empobrecidas, dos empobrecidos, das tradições e comunidades indígenas e quilombolas e da Amazônia contra o bando de destruidores que se instalaram no poder. A exemplo de Javé que pergunta para Caim: onde está o teu irmão Abel? (Gn 4), as Deusas e os Deuses da vida irão perguntar para cada um e cada uma: onde está a tua irmã? Pois o grito/clamor do sangue dela chegou até nós. Em memória do grito dela e do grito delas possamos juntar em sociedade para dar um basta às atrocidades e violência exercidas e aplaudidas por este governo e seus aliados nacionais e internacionais.
Estes que estão no poder fazendo a natureza chorar não se preocupam nem consigo mesmo, tampouco com seus filhos e com seus netos, pois pretendem entregar para as gerações futuras um planeta sem mata, um rio sem água e um mundo sem vida. A natureza geme diante de humanos sem coração, sem espírito e sem humanidade.
Em memória do grito dela, basta!
Rafael Rodrigues da Silva
Lucia Dal Pont
Maria de Fátima Castelan
Direção Nacional do CEBI
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Nota por Direção Nacional do CEBI.
Foto de capa: Araquém Alcântara/ instagram.com/araquemoficial