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CEBI-PE: Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Na manhã do dia 21 de janeiro de 2018 foi celebrado em Olinda o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

Memória: O dia 21

A data rememora o dia do falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, do Terreiro Axé Abassá de Ogum (BA), vítima de intolerância por ser praticante de religião de matriz africana. A sacerdotisa foi acusada de charlatanismo, sua casa atacada e as pessoas da comunidade foram agredidas. Mãe Gilda veio a falecer no dia 21 de janeiro de 2000, vítima de infarto.

Celebração e resistência

O Terminal Integrado Xambá foi o local escolhido para realizarmos a celebração, por ser palco de disputas e atos de intolerância religiosa. Desde que o terminal recebeu o nome desta nação, representado no local pelo Terreiro Santa Bárbara – Ilê Axé Oyá Meguê – Terreiro Xambá, ele é dirigido por Adeildo Paraíso da Silva, o Pai Ivo, presente na celebração desta manhã.

O evento foi articulado pelo Fórum da Diversidade Religiosa em Pernambuco e pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC, tendo a participação do Centro de Estudo Bíblicos em Pernambuco, da Aliança de Batista do Brasil, da Igreja Episcopal Anglicana no Brasil, da Igreja Católica Ortodoxa Siriana, da Igreja Católica Apostólica Romana e da Igreja Batista, bem como dos diversos representantes do Candomblé, do Xangô, da Jurema Sagrada, do Espiritismo, da Legião da Boa Vontade e das religiões Wicca, Taoismo e Bahai.

Também tiveram participação cultural a Orquestra de Câmara do Alto da Mina (projeto da Igreja Batista de Bultrins) e a Orquestra Tambores de Xambá (projeto do Terreiro Xambá), ambos compostos por crianças, adolescentes e jovens destas duas comunidades.

Ao todo estiveram presentes mais de 100 pessoas, contando com a participação de mais de 30 jovens e crianças. Também participaram os usuários do terminal de ônibus que paravam por alguns minutos para ouvir e participar da celebração.

A celebração foi conduzida por Helivete Ribeiro (Pastora Batista), Frei Tito (Padre Católico Romano) e por Carlos Beethoven (Diácono da Igreja Ortodoxa Siriana) que reafirmaram o respeito à diversidade religiosa e ao Estado laico.

Vera Scheidegger falou pelo CEBI, ressaltando nosso compromisso com o respeito à diversidade e a nossa luta contra as intolerâncias religiosas, os preconceitos, a desigualdade social e o desmonte dos direitos pelo qual passa o Brasil no atual momento político. A luta é diária, não podemos perder a esperança, a garra, a força, o amor e o relacionamento com todos em nossa sociedade, com todas as religiões.

Xangô, dai forças

Vera Baroni, representante do Candomblé, pediu a Xangô para nos dar força para que possamos fazer a boa luta pelo respeito, pela dignidade, pela liberdade de manifestação de cada crença e, também, daqueles que não creem.

Vou pedir a Oxalá que nos dê serenidade para que nossa luta possa continuar, pois essa luta vem de muito longe, ela vem desde o sequestro na África. Nós estamos dando continuidade, pois nossa luta por liberdade e por dignidade vem de longe. Vou pedir a nossa mãe Iansã, que é uma guerreira, nossa mãe do movimento, dos ventos, que ela nos dê força e nos ensine novas formas de lutar, de lutar pela nossa consciência, de conhecer nossas tradições, de respeitar nossas ancestralidades, e, mais do que isso, de não ter medo de exigir o respeito. Então acredito que todas as pessoas que estão aqui, que tem uma crença, e mesmo, as que não têm, mas que vieram aqui porque acreditam que é possível fortalecer a paz em nossa cidade, em nossos país e no mundo. Nossa luta é pelo fim do terrorismo religioso, pelo fim do racismo para que possamos um dia viver felizes, cumprindo o que nossa constituição preceitua que é uma sociedade de iguais.

Pai Edson, representante da umbanda, entende que o racismo é estrutural, ele é histórico.

São várias frentes que a gente tem que lutar, a gente não busca privilégios, a gente busca direitos iguais, direitos que a cada dia tentam tirar da gente, mas nos não vamos desistir dessa luta. Essa é uma luta histórica, uma luta de nossa ancestralidade, a gente não acredita que o racismo vai vencer, e se houver essa ideia, essa lógica de que o racismo vai vencer, não vai ser fácil, pois a gente não vai desistir dessa luta.

O evento contou com o apoio da empresa Grande Recife Consórcio de Transportes Metropolitano, responsável pelo gerenciamento do transporte por ônibus na Região Metropolitana, sendo esta, a primeira ação da empresa no combate a intolerância religiosa.

Em caso de racismo ou intolerância religiosa, denuncie!

Envie e-mail para a Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, [email protected] ou pelo telefone (61) 2025-7000. É possível encaminhar denúncias ao Disque 100, o Disque Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos. Na internet a denúncia pode ser realizada no site do Ministério Público Federal ou pelo Safernet.

Fonte: Enviado por José Josélio da Silva, Vera Scheidegger e Pr. Helivete Ribeiro, Coordenação do CEBI Pernambuco.

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