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CEBI PE – O campo da Bíblia iluminando o campo da vida: projeto hortas e ervas.

Esta atividade foi uma experiência inovadora para a coordenação do CEBI de Pernambuco, uma vez que nunca se trabalhou com hortas, terra e água de forma tão prática.

Assim, esse trabalho nos proporcionou a oportunidade de unir os textos bíblicos que falam da terra, água, plantações e vida no campo com a experiência campesina em uma região, também, bastante castigada pelo sol e pela seca, que é o semiárido do Nordeste do Brasil, região onde se localiza a comunidade de Barrinhos, no município de Caruaru.

Foi implantada uma horta comunitária escolar, no projeto Mãe Morena (parceira do programa de horta e hervas), que trabalha com educação complementar com cerca de 130 crianças e adolescentes, o que proporcionou um incremento de hortaliças e legumes na alimentação destas crianças, e, mais 39 hortas domésticas, melhorando a segurança alimentar destas famílias e contribuindo com hábitos saudáveis. Cada família recebeu um kit básico de sementes, enxada, pá, ancinho, pazinha, transplantadeira, bem como carroças e pulverizadores, estes últimos de uso coletivo.

Além disso, foi construída uma pequena sementeira para as semeaduras indiretas, feitas em copos descartáveis reutilizados, o que facilita que a comunidade transporte as mudas para as suas casas.

Também realizamos oficinas de semeadura, defensivos agrícolas orgânicos e de leitura popular da Bíblia, bem como distribuímos uma cartilha sobre hortas domésticas orgânicas e visitamos os domicílios a fim de orientar a construção dos canteiros, semeadura e adubação.

Trabalhar nesta comunidade de Barrinhos, em uma região do semiárido que se encontra em constante desmatamento e processo de desertificação, não foi tarefa fácil. Com exceção dos meses mais amenos, é impossível ficar no sol entre 10 horas as 15 horas. Mas essas não era a única dificuldade. Barrinhos é uma comunidade dispersas, geograficamente e socialmente, com sérios problemas que vão do abuso infantil ao feminicídio, passando por roubos e assassinatos. Região que hoje vive menos da agricultura do que da Sulanca, como é denominada as confecções produzidas com mão de obra que se equipara à de trabalho escravo, mas, travestida de empreendedorismo. Por isso mesmo, o desafio do CEBI, nesta comunidade, é fincar raízes profundas, como a do avelós, para resistir diante da secura de água, do abandono e da violência e manter verde a esperança, depositada, principalmente na criançada que vive e frequenta a “pastoral”, como é conhecido localmente o projeto Mãe Morena.

Relembro que no primeiro encontro, contamos a parábola do semeador. Não foi uma leitura, pois temos muitas pessoas que não leem no grupo. Foi uma contação de história, uma narração da parábola daquele homem que sai a semear e algumas sementes caem na beira do caminho, outras nas pedras e mais outras nos espinhos. Essas não conseguiram sobreviver por diversos motivos: aves, falta d’água ou sufocada pelos espinhos. Mas outras sementes foram semeadas (caíram) em boa terra, em terra preparada pelas mãos calejadas de homens e mulheres que tem a sabedoria do campo, que conhecem os segredos da terra e das sementes. Essas sim, deram frutos um a cem, um a sessenta.

A primeira impressão que tive é que as pessoas não atinaram para aquela narrativa bíblica, talvez não soubesse que era da Bíblia ou nunca a tenham ouvido. O mais importante é que muitos/as aprenderam coisas novas, conheceram sementes novas, comeram folhas e frutos que nunca tinham experimentado, produzidos por suas próprias mãos, dando um a dez, um a cinquenta e um a cem.

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