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CEBI-ES: Os escritos Sapienciais e a busca pela Justiça

Curso na Sala é nome do encontro realizado semestralmente no CEBI-ES, e que há anos movimenta as noites das quintas-feiras. No primeiro semestre de 2018, o grupo se ocupou de alguns dos livros sapienciais. A equipe responsável pelos estudos é composta por Joana, Fatinha, Maria Madalena e Penha Dalva.

As assessoras optaram pelo foco no livro do Eclesiastes e o livro da Sabedoria. Ao longo de quatro meses (1º de março a 28 de junho), o grupo de 20 pessoas revisitou a Sabedoria e abstraiu dela sentidos novos para compreender a própria vida e a história que a sociedade vai escrevendo.

Mística

Sempre com místicas muito significativas, em que se buscava resgatar a sabedoria de pessoas próximas e conhecidas, o início do estudo se deu com a proposta de relacionar sabedoria e experiência. E a lição veio de dois grandes mestres: Jesus Cristo e Mahatma Gandhi. Lendo uma parte do livro A Sabedoria no Antigo Testamento, de Anthony R. Ceresko, o grupo viu que quando Jesus diz “Ame o seu próximo”, e, como resposta à pergunta “Quem é o meu próximo”, conta a história do Bom Samaritano, ele leva “[…] os ouvintes a voltar à

sua própria experiência a fim de descobrir a resposta.”(p.8 ).

Na mesma linha, Gandhi “demonstrou muitas vezes sua profunda percepção ao incitar seus seguidores a recorrer à própria experiência como fonte de sabedoria e como orientação, ao tomar decisões […]” (p. 7). Em ambos os mestres, Sabedoria se alinha com Justiça, com ações que coloquem a vida em primeiro lugar.

Estudo do texto

Antes ainda de partir para os livros sapienciais bíblicos, a proposta do curso foi verificar ocorrências de textos sapienciais extrabíblicos. Referências consultadas pela equipe indicaram textos ligados a comunidades dos povos vizinhos de Israel, principalmente Mesopotâmia, Egito e, posteriormente, Grécia, os quais são retomados pelos textos bíblicos sapienciais, num diálogo entre textos que polemiza e aprofunda reflexões sobre temas que atravessam fronteiras e tempos.

Para chegar aos dois livros sapienciais escolhidos, o estudo traçou um percurso histórico em que situou cada livro sapiencial do Antigo Testamento, com destaque para os contextos de Eclesiastes e Sabedoria. Em um contexto de dominação estrangeira, Eclesiastes se inicia com uma pergunta que se repete no livro três vezes: “que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” (1,3; 2,22; 3,9). Com base nessa pergunta fundamental é que o estudo se desenvolveu.

Já o estudo do livro da Sabedoria seguiu a divisão que se costuma fazer do livro em três partes:

  • a primeira, em que se reconhece um convite para a vivência da justiça;
  • a segunda, que define a Sabedoria e expõe modos de alcançá-la;
  • e a terceira, que fala da ação da Sabedoria na história. Ficou para os participantes a lição do enfrentamento em contextos de dominação, tão necessário e urgente no contexto brasileiro neste momento.

No último encontro, reunidos/as em pequenos grupos, os/as participantes avaliaram o que construíram juntos com a equipe responsável. Além de falas relacionadas às descobertas durante o curso, tais como “Onde existe injustiça não há sabedoria de Deus”, os grupos destacaram aspectos da metodologia e da participação nas discussões.

Segundo as pessoas que participaram, a metodologia foi muito rica e criativa, com dinâmicas que estimularam a participação e facilitaram a compreensão do conteúdo. A interação foi homogênea, as vivências e experiências foram partilhadas. As avaliações lembraram também o aspecto humano dos cursos na sala: “a alegria dos encontros”, “o acolhimento de amizade”, “o cuidado de um para com o outro”.

Que venha o curso do segundo semestre, Jesus Histórico!

O texto é de Madalena Covre, do CEBI-ES, 01/08/2018.

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