por Milton Schwantes*
Brasil Descobri no oitavo Salmo algo inusitado. Pareceu-me inovador, estranho até. E isso me deu muita vontade de contá-lo a vocês. É do Salmo 8 que brotam caminhos especiais para o encontro com Deus. Suas palavras louvam ao Senhor, de céus e terra. Enaltecem-nO sobremodo. Veem colocada sua grandeza na imensidão dos mundos. Celebram Seu nome com poderes e com maravilhas. E é mesmo tão bom poder celebrar a nosso Deus deste jeito, com louvações que olham para céus e terra, para povos e nações, para rios e matas.
A todo passo nossa Bíblia nos anima para tais festanças a nosso Deus. Pois, Ele merece! Desde as distâncias e profundezas, desde Sua amizade pessoal e do senhorio universal – louvor a Deus. Ele nos abriga e liberta. Arranca-nos dos infernos da pobreza e nas angustias da solidão. Louvor a Deus! Aleluia!
Sim, nosso Salmo 8 comparte com tantas outras louvações a beleza, o encanto e a glória de quem a cada dia nos chama à vida e nos anima a escapar das opressões. Seu nome é – Emanuel, Deus Conosco!
Contudo, há algo de mui particular, de bem inovador na louvação deste nosso oitavo salmo. E isso está em incluir as crianças. Elas chegam a tornar-se exemplos prediletos para o louvor. E isso me parece inusitado. Corajoso. É qual raio iluminador. É fulgor de inspiração!
Quem exemplarmente divulga o louvor é “a boca das criancinhas e os bebês” [sigo aqui a tradução da Bíblia de Jerusalém]. Este modo de entender o louvor é algo mesmo estupendo. Sensacional. Afinal, nosso salmista há de estar referindo-se aos choros, aos gritinhos de alegria, às risadinhas gostosas… das criancinhas, dos bebês. Seus gestos pequenos com as mãozinhas comunicando sua presença louvam a Deus. Sua fome, ah sua fome continuada e nada fácil de saciar – uma louvação a nosso Deus. Sua ânsia em viver, e fazer-se presente – tudo exaltação a Deus. Mas, veja! Que frágil enaltecimento a Deus – poderia alguém dizer.
Frágil, porque não há poder do jeito humano, real, político nestes sons e gestos de bebês. Esta festa a Deus – feita por crianças – envolve a terra. É verdade. Mas não decide na terra. Bem o sabemos, ao nosso redor. Os poderes deste mundo não querem nem saber destes gritinhos de bebês. E, ainda assim, a louvação de qualidade é esta: é a da boca de bebês! Desse jeito anda o caminho de Deus! Permanece então a sugestão: louvemos a Deus, sim, sem fim. Mas no modelo dos bebês, “da boca das criancinhas”.
Eis o maior dos espetáculos! Um escândalo de fraqueza! E de vida também!
Ó Deus da vida, ó Deus dos bebêzinhos, dá-nos coragem a louvar de jeito pequeno, de boca pequena. Perdoa, Deus vivo, quando vivemos no esquecimento de teus filhinhos prediletos. Dá fortaleza à boca das criancinhas! Em Jesus. Amém.
–
Biblista Luterano.