Por Lenon Andrade*
Após Jesus ter expulsado os cambistas da fé e os vendilhões do templo, teve vários embates com os representantes do “congresso nacional” judaico, um conselho político religioso chamado de Sinédrio – órgão de governo sediado no templo de Jerusalém. O mestre da galileia atacou a fonte de renda e o status das castas que governavam o povo. Sua vida, naqueles últimos dias, antes da cruz, foi de muito trabalho. Praticamente não lhe deram sossego. Conseguiram aliciar um dos seus seguidores mais próximos. Judas Iscariotes cedeu à tentação egocêntrica da solução fácil para os problemas da vida. Vendeu a sua consciência. E Jesus sabia disso. Ainda assim, permaneceu sereno até o fim. Era preciso fazer o travessia…
Naquela sexta-feira era a pascoa, dia em que os judeus comemoram a libertação do cativeiro no Egito para a liberdade no deserto – esse é o sentido da pascoa para o povo judeu – Jesus reuniu seus discípulos num jantar pascal em Betânia, inclusive Judas, de quem jamais desistiu. Ali redefiniu o sentido da pascoa. Assim, o pão e o vinho transformaram-se no corpo e no sangue do Salvador. Naquele ambiente de intimidade fraterna, a liberdade ganhou novo significado. Nele, liberdade não é apenas para o corpo físico, mas, uma experiência profunda de reconciliação do ser, consigo mesmo, de reconciliação com o próximo, de reconciliação com a natureza e, de reconciliação com Deus, o autor da vida.
Aquele jantar de Betânia mudou a história humana para sempre porque ali a morte deixou de ser o extermínio da vida para tornar-se a continuidade da existência. Essa é a essência da fé que se articula em Cristo Jesus, morte agora é páscoa – passagem, traduzida como a certeza de que a vida continua mesmo depois que os olhos se fecham. Nesse sentido, essa fé se concretiza historicamente porque pascoa é também a possibilidade da experiência de construção de um outro mundo possível em que as estruturas de morte dão lugar a experiências vivas de convivências fraternas em que todos serão livres para experienciarem a plenitude da vida que existe no Filho do homem, Jesus de Nazaré!
“Depois pegou o pão e deu graças a Deus. Em seguida partiu o pão e o deu aos apóstolos, dizendo: – Isto é o meu corpo que é entregue em favor de vocês. Façam isto em memória de mim. Depois do jantar, do mesmo modo deu a eles o cálice de vinho, dizendo: – Este cálice é a nova aliança feita por Deus com o seu povo, aliança que é garantida pelo meu sangue, derramado em favor de vocês.” (Lucas 22:19-20).
Texto extraído do livro do autor: Cafe Com Esperança, para deixar a vida mais leve.
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*Mestre em Educação Matemática e Tecnológica pela UFPE. Graduado em Licenciatura em Computação pela UEPB. É ciberativista engajado na causa do software livre/cultura livre. Desde 2006 tem se dedicado à pesquisa, desenvolvimento e aplicação de tecnologias de código aberto no cenário educacional. É também poeta, escritor, teólogo e pastor batista.