Artigos e Reflexões

Comentário do evangelho: O tempo das testemunhas

via IHU Online*

Os discípulos acompanharam Jesus durante todo o seu ministério. O que podemos dizer destes três anos passados com ele, até a sua Ressurreição e Ascensão aos céus? Puderam enriquecer seu conhecimento do Reino de Deus com perspectivas radicalmente inéditas e se transformaram em testemunhas do seu Evangelho. A Ascensão é o momento final do tempo de Jesus: Ele, que veio do Pai e, agora, volta para o Pai. A Ascensão é também o início do tempo da Igreja: os discípulos receberão a força do Espírito que os moverá até às extremidades da Terra.

Para ouvir essa reflexão, acesse o site do IHU Online.

A reflexão é de Marcel Domergue (+1922-2015), sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire. A tradução é de Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.

1ª leitura: “Os apóstolos continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia” (Atos 1,1-11)

Salmo: Sl. 46(47) – R/ Por entre aclamações, Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta!

2ª leitura: “Ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal” (Efésios 1,17-23)

Evangelho: “Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu” (Lucas 24,46-53)

Daí em diante, o Cristo está para além de tudo

“Afastou-se deles” (no evangelho). “Seus olhos não mais podiam vê-lo” (na 1ª leitura). Daí em diante, Jesus não mais será visto em seu ir e vir, suas palavras só serão acessadas pelos escritos ou, como diz Paulo, através da loucura da pregação. Isto é, através de outras pessoas. Mas ele não havia preparado os discípulos para esta forma de ausência? Após a Ressurreição, podemos vê-lo aparecer e desaparecer inesperadamente, como em Emaús, por exemplo.

Inúmeras são as parábolas que nos falam de um mestre que se ausenta, permanecendo presente apenas através das ordens que teria dado. Na verdade, além do mandamento do amor que Jesus nos deixou, recebemos o Espírito que nos faz observá-lo; mas isso tudo se dá somente de modo invisível. Por sua Ressurreição, Jesus passou à vida de Deus; está “à direita do Pai”, como dizem os textos.

Ressalte-se disto tudo que, com a Ascensão, o nome Emanuel, que serve para designar Jesus, em Mateus 1,23, e significa “Deus conosco”, muda agora de sentido. Sim, Ele permanece conosco, mas de outro modo. Atualmente, a presença de Cristo é nossa fé, é o amor mútuo pelo qual esta presença se exprime e a esperança que nasce do vazio de sua ausência. O Cristo está para além de tudo, de qualquer coisa que esteja ao nosso alcance. E este mais além é que nos chama e nos atrai. Também nós somos destinados à glória. Assim como Ele se fez solidário conosco totalmente, também nós nos tornamos solidários com Ele.

O novo sinal

Quando Jesus ainda estava aqui, podiam-se ver os “sinais” que realizava. E este “ver” fazia com que a fé se entranhasse naqueles, ao menos, de boa vontade. A dupla “ver e crer” é onipresente no 4º evangelho. Crer em quê? Que Jesus é verdadeiramente Aquele que o Pai enviou ao mundo ou que este Jesus vem de fato de Deus, que ele é o Cristo, o Filho de Deus (o que dá no mesmo). Tudo isso é repetido na 1ª Conclusão do evangelho (20,30-31).

Ora, eis que Jesus desapareceu. Vamos ficar, então, sem mais nenhum sinal? Não havendo mais nada para se ver? Em João 17,20-23, é a unidade dos discípulos, o seu amor mútuo, que irá despertar a fé do “mundo”. Cada vez que manifestamos um amor verdadeiro, desde que nos façamos unidade, estamos evangelizando. A vocação da Igreja é tornar-se este “sinal”.

No entanto, todo sinal é feito de uma realidade visível, “sensível”, e uma palavra capaz de exprimir o seu sentido. Ao gesto da mão estendida, acrescentamos um “olá!” ou “bom dia!”. A unidade dos crentes deve, pois, fazer-se acompanhar de palavras que manifestem a sua origem e o seu sentido. É por isso que todos os “relatos” da Ascensão vêm acompanhados do envio dos discípulos “até às extremidades da terra”, para anunciarem o Evangelho. Assim, a imagem do deslocamento vertical, figurado pela Ascensão, vem sempre acompanhada, em nossos textos, pela imagem do deslocamento horizontal dos discípulos pela superfície do globo. Tendo em vista fazer de todos, mulheres e homens, um só corpo.

Os céus para onde o Cristo sobe

“O que significa “subiu”, senão que ele também desceu às profundezas da terra? Este que desceu é também o que subiu acima de todos os céus, a fim de plenificar todas as coisas” (Efésios 4,9-10). Ou seja, “a fim de plenificar o universo”. Assim o Cristo não é localizável nem acima nem ao lado do universo; tornou-se interior a ele. O céu para onde o Cristo sobe é isto, a face escondida de toda a criação. É, Ele mesmo, esta alma invisível de toda a criação e quem a está conduzindo à sua plena perfeição.

Nesta criação há o homem/mulher que é a sua consciência, um ser através do qual tudo o que existe pode aquiescer a Deus. Homem/mulher, portanto, que se torna a nova habitação do Cristo, o Templo da presença divina. Que se lembre o “Tu em mim; eu neles; eles em nós…”. Agora, podemos dizer que o invisível de cada um de nós é Cristo e que o visível de Cristo somos nós. Corrijamos este “cada um de nós” da frase precedente: cada um de nós assume o seu valor, encontra a sua salvação, religando-se a todos os outros pelos laços do amor. Isto exatamente é o que a Igreja, “corpo de Cristo”, busca significar e realizar. Foi deste modo foi que surgiu no mundo a imagem e semelhança terrestre da unidade divina.

Os céus da Ascensão não estão longe, não estão alhures; estão “aí onde dois ou três estão reunidos em seu nome”. Não poderá haver em lugar algum um amor verdadeiro sem que Deus esteja aí.

Tradução publicada originalmente no site do IHU Online.

 

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