Hoje morreu um profeta, um homem que viveu segundo
o coração de Deus: Dom Pedro Casaldáliga
(16/02/1928-08/08/2020).
Como fará falta o Dom Pedro! Quanto vazio esta morte produz!
Mas Pedro que é Pedro Casaldáliga, que viveu o evangelho como raiz profunda de compromisso firme com os pobres, os deserdados das terras do Brasil, será sempre Pedro presente.
Sustentáculo da Teologia da Libertação, poeta, pastor, é farol que, de São Félix do Araguaia, fez ver que não há caminho para a Igreja e para a sociedade brasileira que não seja a erradicação da desigualdade social. Não é possível a construção de um país digno sem a redistribuição das terras e das riquezas.
Não se alcança a justiça sem abrir mão dos privilégios acumulados na base da exploração. Não há Igreja que se possa dizer cristã sem enfrentar a estrutura da desigualdade sobre a qual se assenta o sistema econômico e social capitalista.
O Brasil precisa de mais bispos como Dom Pedro Casaldáliga! Precisa de mais padres que sigam o seu exemplo. Precisa de mais pastores e pastoras, mais leigos e leigas, mais cidadãos e cidadãs que se engajem nas lutas por uma sociedade democrática e igualitária.
Dom Pedro morreu no dia em que o Brasil chora a morte de cem mil pessoas pela COVID19. Não podia morrer em outro dia; tinha que ser hoje. É que ele vai junto, caminhando, consolando, sendo o pastor amoroso que foi na vida, para os mortos. Viveu e morreu para acompanhar o seu povo.
Que se levantem outros Pedros e outras Pedras para a tarefa da libertação! Pois Pedro que é Pedro Casaldáliga será sempre Pedro presente.
Lusmarina Campos Garcia – Teóloga e pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, participantes do movimento ecumênico desde a década de 1980.