Por Marcos Aurélio dos Santos *
“Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor.”( Lucas 2:11)
Nasceu o menino pobre da esquecida e marginalizada periferia da Galileia. Menino cheio de graça, compaixão, subversão e esperança, filho de camponeses, peregrinos do amor de Jesus, desprovidos de bens, família de refugiados, vítimas das opressões dos poderes da religião e do estado. Nasceu um novo caminho, caminho de esperança e fé para os cansados, libertação dos cativos. De Belém da Judeia vem a simplicidade, a compaixão, a resistência contra as forças ultraconservadoras do sistema dominante na Judeia.
O menino libertador não nasceu em berço nobre rodeado de figuras ilustres, o menino nasceu no estábulo, lugar pouco visitado pelas pessoas. Este relato contado nos Evangelhos é de uma profunda significância. Jesus de Nazaré nasceu entre os pobres e excluídos, como também viveu entre eles. Seu nascimento marcado pela simplicidade, sem o luxo dos palácios e celebrações oficiais no templo, foi uma resposta às forças opressoras de dominação aos pobres, que amargavam o sofrimento provocado pelas lideranças desses poderes. O Messias libertador, que nasce em um contexto de pobreza e exclusão exalta o fortalecimento da voz profética, que segue o caminho dos profetas Hebreus, contudo com profunda autoridade, pois Nele estava a libertação do povo.
O menino pobre de Belém causou medo e alvoroço entre os poderosos do seu tempo, gerando perseguição e infanticídio na Judeia. A fuga de José e Maria como refugiados, trouxe proteção ao menino. Sob orientação do Espírito, seguem uma longa viagem até a pequena cidade de Belém. Ali nasceu a esperança de um povo, que décadas depois, seguem um novo caminho de libertação a partir da pregação das boas novas de alegria.
Hoje, diante das múltiplas opressões em que sofrem o povo de Deus, urge encontrar Jesus no rosto das meninas e meninos. Pequeninos e pequeninas que estão nos mesmos lugares onde Jesus viveu. Nas favelas e periferias dos centros urbanos onde a maioria está sujeita à violência, opressão e fome, como também nas comunidades rurais e ribeirinhas. O menino Jesus também está no rosto dos que pedem esmolas nas calçadas, nos que dormem debaixo de viadutos e nos bancos das praças.
O menino Jesus tão celebrado nas festas de Natal com mesas fartas e celebrações pomposas nos templos de luxo e em muitos outros lugares, certamente só poderá ser encontrado nos rostos dos que insistimos em rejeitá-lo.
Chegou o Natal.
Segue a utopia Natalina do subversivo de Nazaré.
* Teólogo popular, membro do CEBI RN e das CEB’s.