Artigos e Reflexões

A contribuição das CEBs para o Sínodo de 2023

Por Neuza Mafra*

 

“O caminho da sinodalidade é justamente o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milênio”.

Papa Francisco

 

A Cartilha CEBs e Sinodalidade foi lançada recentemente, mas retomo aqui este assunto, para fortalecer o propósito deste importante instrumento de formação, articulação e esperança.

Elaborada pelo Serviço de Articulação Continental das CEBs, a Cartilha propõe um itinerário com a intenção de animar as Comunidades Eclesiais de Base a contribuírem com o Sínodo marcado para 2023. Os sete temas dos encontros nos possibilitam percorrer um caminho, nos quais vamos identificando a nossa prática com a sinodalidade, já comum na história da bíblia. Descobrimos que as mulheres eram parte da comunidade em igualdade com os homens; que as decisões eram tomadas juntos; que os conflitos eram superados  com a inclusão de pessoas de diferentes origens; que a atenção aos pobres e a diversidade de serviços dentro das comunidades eram prioridades.

No 1º encontro, A Sinodalidade, um caminho de encontro, o texto bíblico de 1Cor 12,12-27, não cita a palavra sinodalidade. Paulo usa a imagem do corpo para explicitar o caminhar da Igreja. A Igreja é o Corpo do Senhor e, nele, há diversidade, mas também unidade. E para explicar isso, ele o compara com o corpo humano, no qual todos os membros são importantes e necessários; não há sequer, um membro superior e outro inferior, todos têm uma missão para o bem de todo o corpo. É assim também no corpo eclesial: todos os membros têm a mesma dignidade pelo Batismo. E teria imagem melhor para explicar o que é caminhar juntos?

Vem do Antigo Testamento o sonho de uma sociedade mais organizada e igualitária. No 2º encontro, O caminho sinodal dos povos na Bíblia, diferentes grupos e etnias se uniam em busca de libertação. Este caminho era percorrido de modo sinodal em busca da terra prometida para todos e todas. Um dado importante nos aponta este encontro: as sociedades organizadas popularmente tinham à sua frente juízas, mulheres animadoras, que se reuniam em assembleias para decidir os grandes conflitos das comunidades.

No 3º encontro, O caminhar comunitário de Deus com o povo novo, o relato de dois testemunhos de CEBs, em Mar Del Plata – Argentina e Riobamba – Equador, se fundem com muitas experiências vividas em nossas comunidades e nos remetem ao Novo Testamento, mostrando o jeito sinodal com que Jesus viveu sua missão. Não é de se admirar por que a cada dia aumentava o número daqueles/as que o seguiam? Nas Comunidades Apocalípticas a dinâmica era carregada de sinais, como o povo, a rua, a árvore da vida e a água que a irriga, que se unem para fazer um pacto pela vida!

O encontro seguinte, Memória sinodal: raízes e testemunhos das comunidades originárias de Abya Yala, é um convite para que nos aproximemos das fontes da sabedoria milenar de tantos povos originários e culturas e os escutemos com reverência e respeito o que nos dizem, acerca da sinodalidade, e reconheçamos seus valores para vivermos hoje a multiculturalidade.

No 5º encontro, Nas CEBs fazemos caminho sinodal, mediante a diversidade de ministérios, em autonomia e comunhão, o fato da vida traz um relato que se aproxima muito de nossas CEBs: a vivência da igreja nas casas, fundamentado depois pela carta de Paulo aos Romanos (Rm 16,1-6). As comunidades eram formadas por homens, mulheres, jovens e adultos que partilhavam a missão e mantinham uma dinâmica de renovação, pois estavam sendo continuamente integradas por pessoas diferentes e por uma diversidade de ministérios.

No 6º Encontro, Nas lutas sociais, unem-se os caminhos de todos os povos e culturas, Isaias nos convida a ficar de pé, vestir roupa nova, excluir os sinais de escravidão e não mais inclinar a cabeça, não mais encurvar-se (Is 52,4-11). Seu texto é um texto de promessa: chegará o dia em que nos reconheceremos nas lutas por libertação! E aí estão as Pastorais Sociais, os Movimentos Populares, as nossas bandeiras de luta…perfazendo um caminho sinodal.

E por fim, o 7º encontro, A experiência de sinodalidade na nossa comunidade, vai nos ajudar a colocar em prática o objetivo deste estudo e assim fortalecer a sinodalidade na vida da comunidade.

Atenção! No final de cada encontro, há questões a serem respondidas até o dia 18 de março de 2022 e enviadas para a Articulação Continental: [email protected]. Uma comissão organizará o material que será a contribuição das CEBs do Continente para os bispos que participarão no Sínodo de 2023. VAMOS PARTICIPAR?

 

*Colunista do Portal das CEBs

 

Fonte: Portal das CEBs

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