O racismo mata em diferentes lugares do mundo e vem emergindo como uma das questões centrais do século XXI.
Em Los Angeles, 1991, quatro policiais, três deles brancos, bateram mais de 50 vezes em Rodney King.
Na Flórida, 2010, Trayvon Martin, 17 anos, desarmado, foi morto por um tiro disparado por um vigia branco.
No Rio de Janeiro, 2019, Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, foi morta quando voltava para casa com a mãe.
Em São Gonçalo, 2020, João Pedro Mattos, de 14 anos, foi morto em uma operação policial.
Em Minneapolis, 2020, George Floyde, 46 anos, foi brutalmente assassinado por um policial sob o olhar de vários outros.
Poderíamos passar dias evidenciando o nome, a idade e a naturalidade das centenas de vidas negras que são brutalmente assassinadas cotidianamente pelos sistemas estruturais racistas. Todas, pessoas, antes de qualquer caracterização.
Há séculos, homens negros e mulheres negras convivem e sobrevivem diante dos Estados que outrora nos fizeram escravos em suas terras coloniais.
Há séculos, lutamos contra as formas de opressão e objetificação dentro das sociedades transnacionais na condição de “a carne mais barata do mercado”!
O racismo contra as comunidades negras e pobres é real e se alimenta através dos sistemas de apartheid “invisíveis” que nos colocam à margem dos sistemas políticos e sociais.
O racismo se transformou em práticas sociais históricas que forjam-se e recombinam-se reiteradamente.
Em seu artigo intitulado Para uma Nova Interpretação do Racismo e de Seu Papel, Carlos Moore pontua que “o racismo é uma forma de consciência estrutural de origem histórica que desempenha funções multiformes, totalmente benéficas para o grupo, que por meio dela, constrói e mantém um poder hegemônico em relação ao restante da sociedade”.
E é justamente essa “consciência estrutural de origem histórica”, diga-se de passagem racista, que fomenta os processos de invisibilidade, silenciamento e exclusão da participação dos homens negros e das mulheres negras.
Como bem nos mostra a História, o racismo, assim como a intolerância religiosa, é um dos maiores problemas inalteráveis e perigosos dos dilemas que enfrentamos cotidianamente no mundo contemporâneo.
E é ele, o racismo, que vem, ao longo dos séculos, estruturando as nossas relações políticas, sociais, afetivas, culturais e religiosas em um complexo e brutal jogo de interiorização de uma parte da humanidade.
Lutaremos contra o racismo, mas cientes de que precisamos mudar e desracializar as estruturas políticas e sociais, pois o racismo é um “problema” que atinge todas as sociedades e por isso, precisamos construir ações coletivas no seu combate e a todas as formas de preconceito.
Assinam:
Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP)
Associação Brasileiras dos Pesquisador@s Negr@s (ABPN)
Confederação Israelita do Brasil- CONIB
Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN)
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC)
União de Negros pela Igualdade (UNEGRO)
Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)
Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ)
União de Negros pela Igualdade (UNEGRO/RJ)
União Espiritualista de Umbanda Estado do Rio de Janeiro – UEUAERJ
Congregação Espírita Umbandista do Brasil -CEUB
Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro -COMDEDINE/RJ
Coletivo Maitê Ferreira (CMF)
Laboratório de História das Experiências Religiosas (LHER/UFRJ)
Nota publicada originalmente no site do CONIC