Notícias

Mulheres discípulas, profetizas e diaconisas do Novo Testamento: Vozes e presenças que desafiam a Igreja hoje

por Cleusa Maria Andreatta, Susana Rocca e Wagner Fernandes de Azevedovia, IHU Online*

A presença das mulheres no Novo Testamento ainda é pouco resgatada. O esforço de teólogas feministas busca encontrar o que está expresso, mas não está dito. A voz e a presença das mulheres tornam-se na visão patriarcal e hierárquica a humilhação daquelas que foram as primeiras fiéis e testemunhas da Paixão e Ressurreição de Cristo.

A teóloga Elizabeth Johnson aponta que novos estudos apresentam que no Novo Testamento existem muitas cenas em que “está o amor de Jesus pelas mulheres, a sua preocupação com o bem-estar e o efeito libertador dele em suas vidas”. A teóloga Solange do Carmo enfatiza que em todo o Novo Testamento há a presença marcante das mulheres, sendo no Evangelho o sinal concreto que caminhavam junto a Jesus: “em Mateus, são as matriarcas do Messias, merecedores de seus nomes na genealogia, apesar de sua vida duvidosa (Mt 1,1-16); em Lucas, elas têm estatuto de discípulas (Lc 8,1-2); em João, são elas que ficam ao pé da cruz quando os homens fogem cheios de medo (Jo 19,25-27); em Marcos, são elas que sustentam a fé mais genuína (Mc 5,25-34; 7,24-30) e que, em primeiro lugar, vão ao sepulcro à procura do Mestre recebendo a tarefa de comunicá-lo aos demais (16,1-8)”.

Solange sustenta o protagonismo das mulheres na história e nas epístolas, afirmando as posições de lideranças que elas assumiam. “Em Atos dos Apóstolos e Cartas, são profetizas (At 21,9), líderes comunitárias (At 16,14-15; 18,18-28), diaconisas (Rm 16,1) etc. No Apocalipse, a mulher é símbolo da vitória sobre todo mal, ensinando-nos que o fraco vence o forte pelo poder da fé resistente (Ap 12,1-17). Pululam por toda parte, no Novo Testamento, sinais da presença marcante das mulheres nas comunidades primitivas”, destaca a teóloga.

Recordando o poeta uruguaio Mario Benedetti, “el olvido está lleno de memoria”, é importante destacar que as mulheres não foram esquecidas, mas apagadas pela história que se seguiu. “Ao longo dos séculos, porém, o poder destas histórias muitas vezes foi ignorado porque os homens que, em geral, pregaram e ensinaram não consideravam o sofrimento que as mulheres carregavam”, afirma a teóloga luterana Wanda Deilfet.

Na história, as mulheres tornaram-se oprimidas e maltratadas, por uma fé instrumentalizada e a história distorcida. Solange do Carmo apresenta que a cultura androcêntrica e patriarcal trata a mulher com insignificância de Gênesis ao Novo Testamento. “Desenterram o mito das origens, culpam Eva pelo pecado e justificam os desmandos masculinos. Para completar, pinçam frases esparsas de Cartas do Novo Testamento, como Efésios e a Segunda de Pedro, e declaram a submissão feminina em nome de Deus. Um horror! A fé cristã é instrumentalizada para oprimir e maltratar aquelas que foram acolhidas e amadas pelo Nazareno”.

Abaixo apresentamos uma série de entrevistas e artigos publicados pelo Instituto Humanitas Unisinos que destacam a voz e a presença desafiadora das mulheres do Novo Testamento:

Maria Madalena e as discípulas de Jesus. Protagonistas que resistem a um apagamento. Entrevista especial com Wanda Deifelt

“Durante os séculos iniciais do Cristianismo, o tom libertador e afirmador de igualdade entre homens e mulheres foi sendo paulatinamente abrandado, acomodando-se aos padrões discriminatórios da cultura e da sociedade”, analisa a teóloga.

É numa sociedade patriarcal que Jesus se insere e essa é uma das lógicas que tenta subverter. Esse Cristo reformador quer mostrar que todos são iguais, elevando às mulheres atribuições que eram dedicadas apenas aos varões.

Wanda Deifelt é brasileira, luterana, possui graduação em Teologia pela Escola Superior de Teologia – EST, de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Tem mestrado pelo Garrett-Evangelical Theological Seminary e doutorado pela Northwestern Univesity, ambas na cidade de Evanston, estado de Illinois, EUA. Atualmente é professora e pró-reitora da Escola Superior de Teologia, da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Lit Verlag, da Revista Concílum, da Lutheran World Federation e da Universidade Luterana do Brasil.

Disponível na íntegra.

 

Jesus fundou um movimento liderado por homens e mulheres. Artigo de Christine Schenk

“Com Maria e Isabel, as mulheres estavam presentes e ativas na vida e ministério, do ventre ao túmulo vazio de Jesus. Junto com Maria de Magdala, elas foram as primeiras a proclamar a boa nova da ressurreição-vitória de Jesus sobre a morte”, escreve Christine Schenk, irmã da Congregação de São José, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 15-06-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

Disponível na íntegra.

 

Jesus e as mulheres: “Vocês estão livres” – Parte 1. Artigo de Elizabeth Johnson

“Jesus estava ensinando numa das sinagogas em dia de sábado. Havia aí uma mulher que, fazia 18 anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. Vendo-a, Jesus dirigiu-se a ela e disse: “Mulher, você está livre da sua doença.” Jesus colocou as mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou e começou a louvar a Deus. (Lc, 13,10-13)”, escreve Elizabeth Johnson, religiosa da Congregação das Irmãs de São José, é professora de Teologia na Universidade de Fordham, em Nova York em artigo publicado no Global Sisters Report, 22-04-2014.

Disponível na íntegra.

 

Jesus e as mulheres: “Vocês estão livres” – Parte 2. Artigo de Elizabeth Johnson

“A teologia nas mãos das mulheres descobriu Jesus Cristo como um amigo compassivo, libertador dos fardos, um amigo que consola na tristeza e um aliado nas lutas das mulheres. Por meio de sua vida e de seu Espírito, ele traz salvação – dando-lhes de volta a plena dignidade pessoal diante de Deus. A benção que elas encontram em sua relação com Jesus não é apenas uma benção particular e espiritual, embora seja isso também”, afirma Elizabeth Johnson, em artigo publicado no Global Sisters Report, 01-04-2014.

Disponível na íntegra

 

As “mulheres diácono” na era apostólica e subapostólica. Artigo de Giancarlo Pani

“Não há dúvida de que no século V (cânon 15, Concílio de Calcedônia) a Igreja tinha diaconisas‘ordenadas’. Se tal ‘ordenação’ (cheirotonia) era considerada um sacramento (com a imposição das mãos, cheirothesia) ou apenas uma bênção ou um sacramental, é um problema que terá que ser esclarecido no futuro tendo também em conta a evolução e a precisão da mesma terminologia litúrgica”, escreve Giancarlo Pani, em artigo publicado por La Civiltà Cattolica, 24-08-2017. A tradução é de André Langer.

Disponível na íntegra

 

As mulheres e a Igreja. As raízes de uma discriminação. Artigo de Vittorio Mencucci

“A exclusão da mulher do sacerdócio não tem um fundamento na Palavra de Deus. A tradição, por sua vez, é facilmente influenciada pela cultura e pelos costumes das várias épocas pelas quais passa. Isso exige a análise e o escrutínio crítico de todos os elementos, para evitar que seja tomado como verdade aquilo que é apenas um preconceito de uma época.”

A opinião é do teólogo e padre italiano Vittorio Mencucci, pároco em Scapezzano, na Diocese de Senigalia, na Itália, e autor de Donna sacerdote? Ma con quale Chiesa? [Mulher sacerdote? Mas com qual Igreja?] (Ed. Il Pozzo di Giacobbe).

O artigo foi publicado por Rocca, n. 16/17, 15-08-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Disponível na íntegra.

 

Elas, as apagadas da história. Artigo de Solange do Carmo

Uma breve visita ao Novo Testamento faz ver a presença discreta, mas eficaz das mulheres. Em Lucas, elas têm estatuto de discípulas (Lc 8,1-2); Maria Madalena é a discípula perfeita, de quem saíram sete demônios (Lc 8,2); Maria, irmã de Marta, está aos pés do Mestre na posição de discípula (Lc 10,39), assim como também a mulher pecadora na casa de Simão (Lc 7,38). Em João, são elas que ficam ao pé da cruz quando os homens fogem cheios de medo (Jo 19,25-27) e é MariaMadalena a primeira a fazer a experiência com o Ressuscitado (Jo 20,11-18).

Solange do Carmo é doutora em Teologia pela Faculdade Jesuíta — FAJE, atualmente é professora no Instituto de Filosofia e Teologia Dom João Resende Costa da PUC-Minas e no Instituto Santo Tomás de Aquino — ISTA). É sócio-membro da Sociedade de Teologia e Ciência da Religião — SOTER

Disponível na íntegra.

 

Diaconato feminino: exame final. Artigo de Phyllis Zagano

A teóloga estadunidense Phyllis Zagano – pesquisadora da Hofstra University, em Nova York, e membro da comissão vaticana sobre o diaconato feminino instituída pelo Papa Francisco – preparou um questionário em formato de exame final sobre a ordenação de mulheres ao diaconato.

“Você acha que a Igreja Católica hoje pode incluir as mulheres na única ordem do diaconato, do modo como ela foi renovada após o Vaticano II? Você acha que a Igreja Católica deveria fazer isso? Por quê? Por que não?”, pergunta ela.

Em português, Zagano é autora de “Mulheres diáconos: passado – presente – futuro”(Paulinas, 2019). Algumas de suas outras produções podem ser encontradas em sua página pessoal. O artigo foi publicado em National Catholic Reporter, 21-05-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Disponível na íntegra.

 

“Não há nenhuma doutrina contra as diaconisas.” Entrevista com Phyllis Zagano

O conceito de restaurar as mulheres ao diaconato ordenado tem circulado por um longo tempo – no Sínodo de 1987, Cipriano Vagaggini foi convidado a uma intervenção sobre o tema. A questão vai “pegar”. Eu acho que a solução óbvia – restaurar as mulheres à ordenação diaconal – causará alguns descontentamentos até mesmo entre os bispos, a menos e até que eles percebam que os esforços do Papa Francisco de restaurar o seu próprio controle sobre as suas próprias dioceses lhes permitiria ordenar diaconisas se eles precisassem delas, mas não os obrigaria a fazer isso.

Disponível na íntegra.

 

Mística, segundo o professor do programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, Faustino Teixeira, “é uma experiência que integra, em reciprocidade fundamental, as dimensões de anima (feminilidade) e animus (masculinidade) que habitam cada pessoa humana”. “Há uma ‘lógica do coração’ que transborda a ‘lógica da razão’”.

Publicado originalmente por IHU Online.

Ilustração de capa: Cartaz da Semana da Cidadania 2018, com a temática: “Mulheres, é hora de transformar o que não dá mais”, promovido pelas Pastorais da Juventude do Brasil — Pastoral da Juventude (PJ), Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude Estudantil (PJE). Arte: Chiquinho D’Almeida | Comissão Nacional de Assessores da Pastoral da Juventude Nacional – Via IHU Online.

situs judi bola AgenCuan merupakan slot luar negeri yang sudah memiliki beberapa member aktif yang selalu bermain slot online 24 jam, hanya daftar slot gacor bisa dapatkan semua jenis taruhan online uang asli. idn poker slot pro thailand

Seu carrinho está vazio.

mersin eskort
×