Confira a mensagem de natal do Centro de Estudos Bíblicos escrita pela Direção Nacional.
Boa leitura e boas festas!
Queridas irmãs,
Queridos irmãos,
NATAL é tempo de celebrar a teimosia de Deus. Ele se fez pobre na Palestina oprimida pelas elites de então, alicerçadas pela religião do Templo e pela política romana. Hoje, esse mesmo Deus continua nascendo entre os palestinos explorados e massacrados em seus direitos de liberdade e dignidade pelas elites israelenses e pelos interesses do capitalismo estadunidense. O nascimento de Jesus em meio a pobres é sinal de esperança e de uma teimosia divina a subverter as ordens estabelecidas, principalmente da religião opressora e intolerante, que se arvora dona de verdades absolutas.
O Evangelho libertador está encarnado na fragilidade de uma criança envolta em trapos numa manjedoura, como tantas outras, sem teto e sem terra, espalhadas pelo mundo.
O NATAL-TEIMOSIA nos provoca a lembrar-nos de pessoas pobres, migrantes, refugiadas, famintas e fugitivas da miséria. Naqueles tempos, a vida de um recém-nascido, teimosamente fugindo com seus pais da morte e dos controles políticos (Mateus 2), foi sinal de resistência e de esperança na mudança. Assim também hoje, a esperança das pessoas pobres no nascimento de Jesus é sinal de superação de uma política de favores e de desmandos. E mais. É sinal de superação de uma religião falsa e interesseira, de uma economia contra a vida e de uma sociedade desumana.
A celebração do NATAL-TEIMOSIA nos insere na agenda latino-americana da irrupção de pobres nas Igrejas e na leitura da Bíblia desde o cativeiro contra todas as formas de dominação. Na teimosia da vida e a partir da “opção preferencial pelos pobres”, toda pessoa cristã é convocada a se inserir justa e solidariamente na luta contra a miséria e a opressão. Não nos servem práticas eclesiais que se fecham em templos e doutrinas, distanciando-se do Evangelho e tapando os ouvidos diante do grito de quem é pobre.
Natal é, pois, teimosia e esperança que brotam da luta da família camponesa sem terra da Galileia contra os latifúndios. Estes transformaram a herança da terra em “propriedade maldita” a favorecer Césares, Herodes e saduceus. Nessa teimosia, Maria, José, Jesus, muitos galileus, pessoas excluídas e expulsas de suas terras, nos revelam que Deus está e nasce junto a quem vive na pobreza. Ele é sinal de “DEUS CONOSCO” nas lutas contra os aparatos do Estado, contra o Império, contra os poderes de plantão (legítimos ou golpistas) e contra todas as práticas que condenam as pessoas pobres à morte.
A teimosia da esperança é profética. Faz com que possamos acolher a manjedoura e fortalecer processos de inclusão de irmãs e irmãos com suas diferenças sociais, econômicas, culturas, ideológicas, políticas e, principalmente, com suas identidades de gênero e de religião.
A profecia desta teimosia nos leva a romper com conservadorismos e reacionarismos, fundamentalismos e fechamentos. Estas práticas dificultam o nascimento de Deus. Não permitem vivermos juntas e juntos na mesma casa, pois impedem a sociedade do “Bem Viver”.
A teimosia da esperança do Natal é sabedoria que brota dos pequenos: “gente pequena, fazendo pequenas coisas”, a construir um grande projeto político, social e comunitário.
A sabedoria está no fortalecimento de ações comunitárias marcadas pela busca da justiça, da solidariedade e da pobreza (Sofonias 2,3).
Neste Natal e no próximo ano, a teimosia da esperança das pessoas pobres nos convida a deixar que circulem o vento novo bem como as exigências de mudanças e de fortalecimento da Leitura crítica, inclusiva e militante da Bíblia junto a quem vive na exclusão. Essa teimosia da esperança também nos provoca para a abertura ao pluralismo e às atitudes ecumênicas, a tecer novas relações e a construir a casa comum, onde todas as pessoas encontram lugar (oikou-méne).
A todas e a todos nós, um NATAL com a teimosia da esperança e um ANO com novidades de vida. Abraço grande!
Rafael Rodrigues da Silva (Diretor Nacional)
Lucia Dal Pont Sirtoli (Diretora Adjunta)
Maria de Fátima Castelan (Diretora Adjunta)
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