“A intolerância nasce de um tripé: medo, ignorância e preconceito”.
Essa foi a constatação das pessoas participantes do reencontro do DABAR VI. Reunido em Fortaleza o grupo refletiu sobre a crise do país, o aumento das intolerâncias e os possíveis caminhos em momentos tão difíceis.
Abaixo, o relato de Amélia Hakme Romano, de Campo Grande/MS.
Estivemos reunidos em Fortaleza (CE) de 21 a 23 de Julho de 2017, na Casa da irmã Iolanda. Foi um reencontro da turma do DABAR VI, com momentos de partilha da vida e de aprofundamento bíblico.
No primeiro dia, 21, partilhamos a vida contando sobre as alegrias, as tristezas e as nossas inquietudes diante do momento atual em que vivemos. Refletimos: quais “os grilos” que escutamos em nossas comunidades, principalmente os relacionados às intolerâncias políticas, étnica, religiosa, de gênero, entre outras?
Nesse momento de profunda crise no Brasil, fechamos o dia refletindo e sentindo o Salmo 137(136) sobre o exílio.
No segundo dia, 22, iniciamos a manhã entoando cantos de resistência em meio as flores recolhidas da casa e cangas coloridas colocadas em nosso altar, que mostravam os diversos caminhos para se lidar com a diversidade.
Com a facilitação de Pedro Rodrigues refletimos sobre o tema da intolerância. Fizemos memória da nossa história de luta, tais como: Cabanos, Canudos, Palmares, Revolução Farroupilha, Guerra do Contestado entre outras.
Percebemos que a intolerância surge de um tripé: medo, ignorância e preconceito.
Levantou-se a importância da construção da identidade de uma pessoa a partir da identidade do outro.
Um exemplo: somente me percebo católico quando sei que existem evangélicos, judeus, budistas; semente me reconheço brasileiro quando encontro pessoas de cultura nigeriana, esquimó, sueco e outros …
Cinema para pensar
O filme “Intolerantia” clareou nossa compreensão. O estudo reforçou a necessidade de retomar as questões de poder, preconceitos e intolerâncias sejam elas étnicas, de gênero, religiosas ou sociais dentro dos grupos de base como também na política.
No domingo, o texto de Isaias 43 colocou-nos junto à crise do povo durante o exílio. A certeza de que Javé está com ele (conosco também) mesmo no perigo de se afogar ou de se queimar. A experiência da pequena luz, da faísca no meio da escuridão lembra que mesmo com pouca luz é possível caminhar.
O grupo pensou algumas estratégias para trabalhar as intolerâncias:
- Reforçar e animar as dimensões de fé e política nas escolas bíblicas, grupos e movimentos sociais;
- Retomar as questões de relações de poder, preconceitos e intolerâncias sejam de étnicas, gênero, religiosas ou sociais dentro dos grupos de base;
- Reforçar dentro do CEBI os momentos de convivência, onde a inclusão e o respeito pelo diferente precisam ser fomentados e exercitados.
Nosso próximo encontro acontecerá nos dias 19 a 22 de julho de 2018, na cidade do Rio de Janeiro, com a temática Desafios Urbanos à luz da Cor.
Concluímos cantando “Tecendo”, de Edilson Barros, e vivenciando na espiritualidade pontos importantes da dimensão de inclusão e de respeito às diferenças. Dar as mãos, romper barreiras, cuidar da vida e conviver se acolhendo.
Tecer a ternura, tecer a luta, tecer a paz.
Participaram das atividades: Fátima Alves, Francisco Helton Rodrigues Melo e Thiago Valentim, do Ceará, Pedro Rodriguez, Ângela Valderrama, Lucas Valderrama do RJ e Amélia Romano, do Mato Grosso do Sul. No sábado contamos com a presença de Luis Sartorel, do CEBI CE.