Um dia antes, no sábado, a Marcha da Maconha reunira uma juventude que sentou-se sobre o asfalto da mesma Paulista para acender seus baseados. Na Cidade Universitária, cerca de 200 mulheres faziam o último ensaio do Coralusp com Ilú Obá de Min para apresentações públicas de cantos devotados às yabás, as orixás femininas.
Em disputa, o longo caminho da humanidade para tornar-se mais humana. Políticas construídas a duras penas a partir dos horrores da Segunda Guerra, com acordos internacionais de direitos políticos, sociais e culturais progressivamente reconhecendo os direitos das crianças, dos jovens, dos negros, das mulheres, dos indígenas, dos lgbts e outras populações em situação de fragilidade. Condenando a tortura, as execuções sumárias pela polícia, as arbitrariedades de todo tipo.
Estes são tempos difíceis – de dissolução da democracia, do trabalho fustigado em benefício do capital, de crise de representação, de uma crise civilizatória não só deste país mas de todo o mundo ocidental, assaltado por forças neoliberais mantidas à custa da ganância e do medo.
Mas a única luta que se perde é a que se desiste de lutar, lembra o sábio Pepe Mujica. E as novas formas de atuação do comum vão gerando novas subjetividades, formadas coletivamente nas mobilizações que se multiplicam em todos os campos da vida urbana.
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Branco, macho, heterossexual, oligarca e investigado, essa é mesmo a cara deles. Fiquei orgulhosa pela recusa das mulheres para a Cultura desse governo ilegítimo: Marília Gabriela, Cláudia Leitão, Mara Gabrilli e Eliane Costa teriam sido convidadas que declinaram. “Nós mulheres não queremos representatividade porque não existe representatividade sem democracia!”, afirmam as feministas da Marcha Mundial das Mulheres, que tocaram suas baterias contra o golpe no vão livre do Masp.