“Sabemos que há um sub-registro. Nem todas as agredidas relatam as agressões às organizações que colaboram conosco. Tampouco contabilizamos os casos de países da América do Sul”, diz a mexicana Verónica Vidal, coordenadora do registro, apresentado por várias integrantes da Iniciativa em diversos países da Europa.
“Não são simples agressões a alguém que trabalha pelos direitos; elas têm um claro caráter de gênero. Enfrentamos uma realidade em que nós, além de corrermos os mesmos riscos que enfrentam os ativistas homens, corremos riscos específicos, próprios de sermos mulheres”, diz Alda Facio, especialista independente da ONU em discriminação contra a mulher, que visitou Madri para falar sobre o aumento das agressões. “Quando defendemos os direitos humanos estamos desafiando ao mesmo tempo as normas culturais, religiosas e sociais sobre a feminilidade e o papel passivo que devemos desempenhar em nossas sociedades patriarcais. E isso gera hostilidade”, acrescenta.
A Anistia denúncia, além disso, que as autoridades não protegem as ativistas. Como no caso de Berta Cáceres, de 45 anos. O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad al Hussein, considerou “inquietante” que a ativista tenha sido assassinada apesar de a Comissão Interamericana de Direitos Humanos ter pedido ao Governo de Honduras que a protegesse.
A morte de Cáceres, uma ativista muito conhecida por sua vitória sobre o Banco Mundial e a estatal chinesa Sinohydro para proteger o rio Gualcarque, voltou a trazer à tona a situação das mulheres que lutam pelos direitos humanos em uma das regiões com maior desigualdade de gênero.