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A Ciência Ambiental tem estudos e soluções, basta chamar

O ano de 2015 ficará marcado por muitos fatos importantes, alguns dramáticos no que diz respeito à economia e outros em relação à geopolítica mundial. Porém, para o Brasil, um fato em especial terá repercussões importantes para o seu futuro, que foi o desastre ambiental do Rio Doce e das barragens de rejeitos de mineração da Samarco, em Mariana (MG), que nos atingiu fortemente. Um grande acidente como esse terá impactos no meio ambiente, mas também na economia, na saúde e na sobrevivência das pessoas e de toda a vida e ecossistemas presentes.

Diante de tal acontecimento, muitas perguntas podem e irão surgir. O que falhou? O sistema de controle ambiental ou o sistema de controle da empresa responsável, no caso a Samarco? Falharam os engenheiros, os órgãos de controle, os governos, os sistemas de fiscalização ambiental? Falhamos nós como sociedade?

Um enorme alerta nos é dado, infelizmente após essa grande tragédia. O sistema de controle ambiental precisa ser aprimorado, o poder econômico tem de ser regulado para evitar a exploração agressiva, mas também permitindo o desenvolvimento de forma segura.

Porém, penso que a ciência e a pesquisa desenvolvida em nosso país precisam ser ouvidas. Nossas universidades produziram, ao longo das últimas décadas, um conjunto grande de dados e simulações que podem e devem ajudar a prevenir situações semelhantes. Desenvolvemos tecnologias para construções mais seguras e menos impactantes, desenvolvemos sistemas de diagnóstico e monitoramento ambiental, do que pode e do que não pode ser feito em cada área, criamos sistemas de simulação, sistemas de detecção e análise química e bioquímica de extrema sofisticação. Sabemos hoje que um conjunto de profissionais e cientistas deve estar reunido para elaborar e formular propostas no que nós chamamos de ciência ambiental.

Agora que o desastre ocorreu, muitos são chamados a opinar, a imprensa busca os acadêmicos para que expliquem para a população, que precisa entender de que maneira tudo isso afetará suas vidas e o destino dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Opiniões são dadas, alguns pesquisadores fazem propostas e outros se atrevem a fazer críticas. No entanto, passado o momento de comoção, todos voltarão aos seus cotidianos, a imprensa buscará outras notícias. Mais uma vez a academia é chamada para explicar sem ter sido ouvida no que diz respeito à solução dos problemas.

Diante da catástrofe ambiental, os brasileiros se mobilizam. E não foi diferente entre as universidades federais do Estado de Minas Gerais, que criaram grupos para atuar nos diversos problemas gerados, com base nos estudos e nas soluções analisadas por anos e anos a fio. Lamentável foi descobrir que essas mesmas universidades estão sem recursos para realizar esse trabalho de campo e realizar o seu papel social.

Por isso, a Unifesp levou à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), uma proposta (veja abaixo) de ação conjunta das universidades para levar soluções e colocou sua capacidade à disposição. No âmbito das universidades da Região Sudeste, queremos que seja formado um grupo de trabalho permanente para acompanhar o diagnóstico e monitoramento de todos os impactos, bem como de sua remediação, e que esse trabalho de campo e de pesquisa seja financiado pelas empresas responsáveis pelos danos causados, a saber a Vale do Rio Doce e a BHP Billiton. Não será justo que os pesquisadores e as universidades façam esse trabalho sem que esse apoio seja dado. Portanto, entre as inúmeras forças-tarefas que os governos e ministérios públicos irão sugerir e executar, a da utilização do conhecimento e da ciência deve ser também uma frente de ação. Afinal é para isso que serve a ciência, para minimizar as dores da humanidade, para produzir conhecimento e sabedoria para melhorar as nossas vidas. Basta chamar.

 Nota da Unifesp sobre o desastre ambiental no Rio Doce

A Unifesp manifesta sua consternação em face ao rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco, situada no município de Mariana (MG), bem como sua solidariedade para com as vítimas.

Dadas as dimensões monumentais da catástrofe e da potencial permanência de seus impactos negativos ao longo do tempo, a Unifesp entende ser adequada e aconselhável a formação imediata de uma força-tarefa de emergência, integrada por especialistas arregimentados entre universidades e entidades do poder público, com o objetivo de contribuir para a execução do diagnóstico, monitoramento e remediação de seus impactos.

Com esse espírito, e em conformidade com a proposta, a Unifesp coloca à disposição do governo federal e dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo as expertises de seus pesquisadores para colaborarem nessa tarefa.

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