Mudanças que, para 67 mil pessoas, tiveram um mesmo fim: elas foram removidas de suas casas entre 2009 e 2013 pela Prefeitura do Rio. Comparando os números é como se fossem desalojados de suas residências todos os moradores dos bairros da Urca, Cosme Velho, Glória, São Conrado, Leme e Gávea de uma vez só – tomando por base o senso do IBGE de 2010. O alarmante dado foi revelado pelo livro “SMH 2016: remoções do Rio de Janeiro Olímpico”, dos autores Lena Azevedo e Lucas Faulhaber, com fotos de Luiz Baltar e publicado este ano pela editora Mórula.
Faltando um ano para o início da competição, o número de remoções continua aumentando. “Nosso sonho era construir um plano de urbanização para continuarmos aqui e que fosse um bairro modelo”, relata a moradora da Vila Autódromo Jane Nascimento, de 59 anos. A casa onde ela, seu marido e duas filhas viviam foi desocupada na última terça-feira (28) e será demolida para dar lugar às obras do Parque Olímpico, que fica ao lado da comunidade no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste.
VILA AUTÓDROMO
Dos mais de 700 imóveis que existiam, poucos estão de pé. Os moradores que continuam na Vila Autódromo têm de conviver com os escombros e com as máquinas que de um lado fazem obras no Parque Olímpico e do outro destroem casas. “Como o governo viu que a Vila Autódromo conseguiu se organizar, ele tenta comprar as pessoas, subornar o direito das pessoas com uma indenização”, criticou Jane. Assim como ela, os moradores que foram obrigados a sair de suas casas receberão indenizações pagas pela Prefeitura.