“Teremos um Brasil que ganhou as ruas com as bandeiras as mais diversas. Também teremos um Brasil irrequieto, inconformado, sedento por mudanças estruturais que possam recuperar a credibilidade dessa nobre missão que é a atividade política”, projeta o juiz.
Apesar do discurso contra a corrupção tomar as ruas e as discussões dos últimos dias, “a sociedade brasileira sempre foi vista como tolerante à corrupção” e “as queixas” dos brasileiros “não são dirigidas”, adverte Márlon Reis em entrevista à IHU On-Line, concedida por e-mail. Para ele, isso é consequência do fato de a sociedade ressentir-se de “um evidente déficit de democracia. E agora busca meios de se exprimir coletivamente”.
Conhecido por defender a lei da “Ficha Limpa”, Márlon Reis enfatiza que “não se podem ignorar os aspectos culturais que fomentam a corrupção” e frisa que o combate a essa situação depende de “mudanças institucionais”, mas também “é preciso influir positivamente sobre o ser humano a partir da construção de valores de probidade, para o que as escolas devem ser chamadas a exercer papel mais protagonista”.
Entre as soluções para resolver a corrupção no país, Reis sugere “uma reforma política abrangente, que ponha em destaque a responsabilidade coletiva dos partidos políticos. Os partidos não são devidamente evidenciados, por culpa de um sistema eleitoral que exalta os indivíduos, promovendo uma ‘fulanização’ do debate público. Os partidos devem, sim, ser responsabilizados por suas opções”.
Márlon Reis é graduado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão. É coordenador dos programas de pós-graduação a distância em Direito Eleitoral e Gestão Judiciária Eleitoral mantidos pelo grupo WEducacional. Em 2002, idealizou e fundou, juntamente com lideranças sociais, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE, rede de abrangência nacional que reúne mais de 50 organizações sociais brasileiras e que congrega 330 comitês locais espalhados por todo o país.
Confira a entrevista completa em:
Texto: João Vitor Santos e Patricia Fachin