Violência sexual, machismo na família e nas igrejas são temas tidos como tabu na sociedade moçambicana. No entanto, foram tratados com coragem pelas quarenta pessoas que participaram da semana de estudos promovida pela Rede Emaús, com a assessoria do CEBI. O encontro aconteceu entre os dias 6 e 11 de julho, em Namina, norte do país, na região de Nampula, como continuação do Curso de Capacitação de Novos Facilitadores.
Textos bíblicos que tratam de violência contra a mulher, como o estupro de Tamar por seu irmão (2 Sm 13,1-22) ou o estupro coletivo e posterior esquartejamento da concubina do levita (Jz 19) serviram de apoio para debates e reflexões acerca do comportamento de homens, tanto na sociedade moçambicana como na sociedade brasileira. Para Daniel Joaquim, do Seminário Unido de Ricatla e um dos articuladores da Rede, a maturidade e a seriedade das pessoas participantes foi ponto de destaque no encontro.
Ainda de acordo com Daniel, “a parceria com o CEBI ajudou e ajuda muito a caminhada: os frutos são visíveis no nível do compromisso assumido pelos moçambicanos e moçambicanas que participam e fazem trabalhos nas comunidades”.
O CEBI se fez representado pela biblista Adriana Amorim Fernandes (católica) e pelo pastor Waldir Martins Barbosa (batista), ambos do CEBI-BA
A Rede Emáus
No encontro, foram comemorados os cinco anos de consolidação da Rede Emaús, principal parceria do CEBI em Moçambique. O sonho de uma rede de leitura bíblica com rosto moçambicano foi cultivado durante alguns anos no espaço do Seminário Unido de Ricatla, em Maputo. A entidade congrega estudantes de teologia de diferentes igrejas cristãs e anualmente conta com a presença do CEBI na formação bíblica. Os diversos encontros, muitas vezes realizados com a presença de pessoas do Instituto UJAMAH, da África do Sul, deram origem à Rede. Trata-se de uma rede ecumênica de leitura bíblica a partir da realidade moçambicana, que vem se fortalecendo ano a ano.
A Rede Emaús está articulada com outros grupos de Leitura Contextual da Bíblia em diversas partes do mundo por meio da Glocal Network, que conta com o apoio de Kerkinactie, da Holanda. No encontro de 2015, participaram pessoas de sete igrejas diferentes.