Reflexão do evangelho sobre Mateus 24.37-44. O comentário é de Martin Dreher.
Boa leitura!
1. O Texto
- Vv. 37-39: Mateus assume da fonte de ditos a comparação com os dias de Noé e a emoldura com a dupla referência à vinda do Filho do homem, no início e no fim. A vinda do Filho do homem encontrará uma geração que vive muito segura de si, mas que é por ela surpreendida. Ao contrário dessa geração, a comunidade vê, enquanto o cego não vê, está vigilante, enquanto outros dormem e não vêem o perigo que correm. Enquanto a interpretação rabínica do dilúvio declara que aquela geração teria sido destruída por ser depravada, o texto de Mateus fala de sua vivência diária: está segura de si e, por isso, sua vida se resume em gozar a vida.
- Vv. 40-41: Quando da vinda do Senhor, acontecerá uma separação. Mateus traz dois exemplos. O terceiro exemplo mencionado por Lucas (17.34) é deixado de lado. Fala de dois trabalhadores no campo e das duas mulheres que trituram o grão no moinho manual. Sempre uma das duas pessoas será tomada; a outra ficará para trás. Qual a base, a fundamentação para essa separação?
- Vv. 42-44: Um dito comparativo e uma admoestação dão resposta a essa pergunta. A admoestação chama à vigilância e a fundamenta com a incerteza quanto à hora da chegada do Senhor: é certo que ele vem; por isso, deve-se vigiar; é incerto quando ele vem, por isso, vigiar. Por quê? Porque o Filho do homem que vem é vosso Senhor. Um dito comparativo procura elucidar a admoestação. Originalmente, o dito dirigia-se ao povo e falava a respeito da vinda do Reino (cf. Evangelho de Tomé nQ 21); em Mateus fala da vinda do Filho do homem e dirige-se aos discípulos.
É bom lembrar que a imagem do ladrão passou a fazer parte do vocabulário cristão (l Ts 5.2,4; 2 Pe 3.10; Ap 3.5; 16.15). A admoestação final conclama os discípulos a estarem preparados para qualquer hora, pois, assim como a dona de casa, não sabem quando vai ocorrer aquilo que esperam. Ao contrário da geração que se consome no prazer presente, eles estão abertos para o futuro inaugurado por Jesus e que se completará com sua segunda vinda. Essa abertura consiste em vigiar e estar preparado.
2. A Mensagem
A comunidade de Jesus Cristo está entre esses dois adventos. Ela não está só. Tem o Senhor presente em seu meio, chamando-a pela Palavra e pelos sacramentos, sinais visíveis da presença e do amor de Deus. Entre o primeiro e o segundo advento, a comunidade celebra continuamente o Advento do Cristo que a ela vem de maneira sempre nova, através da atuação de seu Espírito. Ela é chamada a vigiar. A não se ater a falsas seguranças. E chamada a ver. Como é certo que vem, que vigie! Como não sabe quando vem, que vigie!
Que se prepare! Não dá para perder essa!
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Texto de Martin Dreher.