Estamos no segundo domingo do tempo comum e neste dia somos convidados(as) a refletir sobre o que está registrado no Evangelho segundo João 1: 35-42 que nos conta a respeito dos primeiros discípulos de Jesus quando O encontraram e formaram com Ele a primeira comunidade em torno da Revelação de Deus. Vale dizer, com base nas Escrituras, que esse encontro não se deu sem uma orientação prévia ou por acaso. Houve uma preparação para que os primeiros discípulos de Jesus O reconhecessem. Para tanto, João Batista foi muito importante: o seu testemunho sobre quem era Jesus impulsionou dois dos seus discípulos a seguirem “O Cordeiro de Deus”.
Em alguns versículos anteriores aos da passagem aqui tratada, vemos João Batista reconhecendo e dando testemunho de Jesus como O “Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo” (cf. vers. 29-34). Ao ouvir de João quem era Jesus, os discípulos O seguiram e foram por Ele recebidos. Jesus pergunta o que estavam procurando. Nesse momento, o evangelista não registra que os discípulos responderam por quem procuravam, pois já sabiam quem era Jesus em virtude do testemunho do Batista. Interessava aos discípulos saber onde Jesus morava para permanecerem com Ele e constituírem o Seu grupo. O próprio Jesus os convida (vinde e vede). No dia seguinte, um dos discípulos encontra o seu irmão e o apresenta a Jesus que também o recebe e o integra ao grupo.
Conosco também acontece o mesmo. Nós também ouvimos falar de Jesus, a Ele somos apresentados(as), convidados(as) a conhecê-Lo para permanecermos com Ele e constituirmos o Seu grupo de discípulos e discípulas da atualidade. Todavia, há que se questionar a qual Jesus nós somos apresentados(as). No passado, dois dos discípulos de João Batista foram apresentados a Jesus. Ao reconhecê-Lo e permanecerem com Ele, confirmaram que se tratava do tão esperado Messias.
No presente, nós somos bem orientados(as) a respeito de Jesus e podemos confirmar que se trata d’Ele mesmo? Quem é Esse Jesus que dizem dar testemunho a Seu respeito? Quais tipos de grupos de discípulos e discípulas de Jesus estão sendo constituídos hoje? Qual o objetivo desses grupos? Como discernir se os grupos daqueles e daquelas que se dizem discípulos e discípulas de Jesus dão testemunho d’Ele? Quais as características que atribuem a Jesus que coincidem com as que foram registradas pelos evangelhos para reconhecermos que se trata do próprio Jesus?
Seria Jesus um general a formar um exército de homens e mulheres que marcham em pé de guerra contra os Seus inimigos? Seria Jesus um imperador que domina todos os povos e os faz escravos das Suas ordens? Como Jesus é apresentado hoje para ser reconhecido? E quanto aos que se dizem Seus discípulos e discípulas, em que se parecem com O Mestre? O que dizem e fazem para que em suas palavras e atitudes Jesus seja reconhecido? O que buscam e o que pretendem ao se aproximarem de Jesus para constituírem o Seu grupo? O que compreenderam da Sua mensagem e da Sua missão?
No início do ministério de Jesus, os Seus discípulos e discípulas constituíram com Ele uma comunidade de fidelidade a um projeto de civilização, o chamado Reino de Deus, um Reino de amor, solidariedade, justiça e paz. Jesus revela-se como Aquele sobre O qual o Espírito do Senhor está e O consagrou pela unção para evangelizar as pessoas pobres, que O enviou para proclamar a libertação das pessoas aprisionadas e às cegas a recuperação da vista, para restituir a liberdade às pessoas oprimidas e para proclamar um ano de graça do Senhor (cf. Lc 4: 18-19). Incontáveis foram os Seus feitos (cf. Jo 21: 25) a fim de promover a vida (cf. Jo 10: 10). É a Esse Jesus que somos apresentados(as) hoje?
Os discípulos e as discípulas que estiveram com Jesus ou tiveram uma experiência com Sua ressurreição permaneceram fiéis ao Seu testemunho e estabeleceram uma comunidade de fidelidade ao Reino de Deus (cf. At 2: 42-47; 4: 32-35). É esse o testemunho atual dado pelos grupos e pelas comunidades dos que se dizem discípulos e discípulas de Jesus?
Aqui estão algumas perguntas. Que sejamos movidos às respostas que nos animam na messe de autênticos discípulos e discípulas que possuem uma experiência concreta com Jesus de Nazaré, o Cristo, a nos conduzir pelos caminhos de instauração do Reino de Deus que começa no hoje da história e vai até o amanhã da eternidade. Que nossos grupos e comunidades sejam fiéis a isso e se abram à atualidade da Revelação de Deus para que todos(as) tenham vida e a tenham em abundância. Um abraço fraterno, paz e bem!
Victor Oliveira
CEBI-AL