Leia a reflexão sobre João 20,19-31, texto de José Antonio Pagola e Antonio Manuel Álvarez Perez.
Boa leitura!
Aterrorizados com a execução de Jesus, os discípulos refugiam-se numa casa conhecida. De novo estão reunidos, mas Jesus já não está com eles. Na comunidade há um vazio que ninguém pode preencher. Falta-lhes Jesus. Não podem escutar as suas palavras cheias de fogo. Não podem vê-Lo acolhendo os desgraçados. A quem seguirão agora?
Está anoitecendo em Jerusalém e também no coração deles. Ninguém os pode consolar na grande tristeza. Pouco a pouco, o medo vai-se apoderando de todos, mas não têm a Jesus para que fortaleça o seu ânimo. A única coisa que lhes dá alguma segurança é “fechar as portas”. Ninguém pensa em sair pelos caminhos a anunciar o reino de Deus e curar a vida. Sem Jesus, como vão espalhar as Sua Boa Nova?
O Evangelista João descreve de forma magnífica a transformação que se produz nos discípulos/as quando Jesus, cheio de vida, se torna presente no meio deles. O Ressuscitado está de novo no centro da sua comunidade. E assim será para sempre. Com Ele, tudo é possível: abrir, sem medo, as portas e pôr em marcha a evangelização.
Segundo o relato de João, a primeira ação de Jesus é infundir a Paz na Sua comunidade. Nenhuma censura por O terem abandonado, nenhuma queixa ou reprovação. Só paz e alegria. Os discípulos experimentam seu alento criador. Tudo começa de novo. Impulsionados pelo seu Espírito, continuarão a colaborar ao longo dos séculos no mesmo projeto salvador que o Pai confiou a Jesus.
O que a Igreja precisa hoje não é só reformas religiosas e apelos à comunhão. Necessitamos experimentar nas nossas comunidades um “novo início” a partir da presença viva de Jesus no meio de nós. Só Ele pode ocupar o centro da Igreja. Só ele pode impulsionar a comunhão. Só ele pode renovar os nossos corações.
Não bastam os nossos esforços e trabalhos. É Jesus quem pode desencadear a mudança de horizonte, a libertação do medo e dos receios, o novo clima de paz e serenidade de que tanto necessitamos para abrir as portas e ser capazes de partilhar o evangelho com os homens e mulheres do nosso tempo.
Mas temos que aprender a acolher com fé a Sua presença entre nós. Quando Jesus volta a apresentar-se oito dias depois, João diz-nos que, todavia, as portas continuam fechadas. Não é só Tomás que precisa aprender a acreditar com confiança no Crucificado Ressuscitado. Também os outros discípulos/as precisam superar, pouco a pouco, as dúvidas e medos que todavia os fazem viver com as portas fechadas, num distanciamento social medroso e permanente.
José Antonio Pagola
Antonio Manuel Álvarez Perez