Leia a reflexão do teólogo espanhol José Antonio Pagola sobre a leitura do próximo domingo, João 15,1-8.
Boa meditação!
A fé não é uma impressão ou emoção do coração. Sem dúvida, o crente sente a sua fé, experimenta-a e desfruta-a, mas seria um erro reduzi-la a “sentimentalismo”. A fé não é algo que dependa dos sentimentos: “Já não sinto nada; devo estar a perder a fé”. Ser crentes é uma atitude responsável e razoável.
A fé não é tampouco uma opinião pessoal. O crente compromete-se pessoalmente a acreditar em Deus, mas a fé não pode ser reduzida a “subjetivismo”: “Eu tenho as minhas ideias e acredito naquilo que me parece”. A realidade de Deus não depende de mim nem a fé cristã é elaboração própria. Brota da ação de Deus em nós.
A fé não é tampouco um costume ou tradição recebida dos padres. É bom nascer numa família crente e receber desde criança uma orientação cristã da vida, mas seria muito pobre reduzir a fé a “hábitos religiosos”: “Na minha família sempre temos sido muito de Igreja”. A fé é uma decisão pessoal de cada um.
A fé não é tampouco uma receita moral. Acreditar em Deus tem as suas exigências, mas seria um equívoco reduzir tudo a “moralismo”: “Eu respeito a todos e não faço mal a ninguém”. A fé é, além disso, amor a Deus, compromisso por um mundo mais humano, esperança de vida eterna, ação de graças, celebração.
A fé não é tampouco um “tranquilizante”. Acreditar em Deus é, sem dúvida, fonte de paz, consolo e serenidade, mas a fé não é só uma “boia de salvação” para os momentos críticos: “Eu, quando me encontro em apuros, recorro à Virgem”. Acreditar é o melhor estímulo para lutar, trabalhar e viver de forma digna e responsável.
A fé cristã começa a despertar-se em nós quando nos encontramos com Jesus. O cristão é uma pessoa que se encontra com Cristo, e Nele vai descobrindo um Deus Amor que a cada dia o atrai mais. Diz muito bem João:
“Nós conhecemos o amor que Deus tem por nós e temos acreditado Nele. Deus é Amor” (1 João 4,16).
Esta fé cresce e dá frutos só quando permanecemos dia a dia unidos a Cristo, quer dizer, motivados e sustentados pelo Seu Espírito e a Sua Palavra: “O que permanece unido a mim, como eu estou unido a ele, produz muito fruto, porque sem mim não podeis fazer nada”.
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Traduzido e publicado pelo Instituto Humanitas, IHU.