“Nada que de fora entra em alguém o pode tornar impuro, mas o que dele sai é o que o torna impuro”. Mc 7,15.
Hoje a Comunidade de fé nos propõe como meditação Marcos 7, 1-8.14-15.21-23. No texto temos o episódio dos fariseus e escribas que vêm do centro, do coração da religião judaica – Jerusalém, para confrontar Jesus. Em pauta as tradições higiênicas/religiosas, ações que caracteriza o que é puro e impuro, que definem o acesso ao Sagrado e padroniza o modelo de santidade e o humano na relação com a divindade, conforme suas tradições. Uma moral de casuísmos que tranca o acesso a ética da vida. Os discípulos e suas ações são os coadjuvantes na questão. Pronto, está armada a cena. O que querem os fariseus e escribas? Desmoralizar Jesus, acusá-lo de não cumprir com as leis e tradição de sua gente. Dizer que seu ensino e sua pedagogia de mestre desvirtua a comunidade. Jesus percebe a sutileza e a gravidade da situação apresentada pelos seus opositores e os questiona sobre suas práticas religiosas. Ao citar para seus opositores o profeta Isaías em sua pesada crítica sobre a hipocrisia das praticas cúlticas e rituais bem como suas tradições, aponta o que realmente importa como vontade de Deus. E mostra a seus ouvintes o que de fato provoca a impureza e donde ela vem: “do coração humano”. Dele – o coração, sai toda especie de perversidade e maldades que profana o próprio ser humano criação divina, e danifica as relações sociais.
É daí que nasce as relações de conflitos sociais; que se desvirtua a fé; que nasce a violência; que se cria e perpetua-se sistemas opressores políticos, sociais, religiosos; que desmantela-se as relações e nascem as ideologias; que se açambarca e se sabota-se as práticas do Reino.
Ao meditar esse texto contemplando a realidade eclesial e a militância dos diversos movimentos e grupos no exercício de sua religiosidade e na vivência de praticas pastorais e libertadoras somos convidados a fazer-nos uma autocrítica: O que nos “move” enquanto pessoas engajadas e quais os “nossos interesses” quando reivindicamos na luta e na militância pautas “libertadoras”? O que nos “convicta” na luta pela Justiça e pela Vida que nos faz investir a vida e o nosso próprio tempo pessoal? O que nos realmente nos “move” e nos faz irmos ao encontro das outras pessoas como proclamadores de uma mensagem e de uma luta, sendo reivindicadores de sua adesão e profetas “da verdade”?
Tais pergunta motivadas pelo texto de hoje, nos leva a revisitar nossas práticas e nossas fontes motivacionais de nosso engajamento e percepção da fé e da vida que abraçamos.
Daqui a alguns dias teremos na comunidade cebiana nossa assembleia nacional em que somos convidados a olharmos para nós enquanto pessoas que estão nas diversas periferias da vida como que fermento na massa e, mediante a realidade continental do nosso país, com sua rica diversidade cultural e étnica somos provocados a pensar nossas relações e nosso olhar para esta mesma realidade a partir da pratica de Jesus. O que enxergamos aí de nossa pratica como anúncio e denuncia, como contribuição ética do Bem-Viver?
Todo evangelho é boa notícia. E toda boa notícia é libertadora. O que o evangelho proposto para nossa meditação de hoje nos traz e nos inspira como boa notícia para o hoje de nosso chão onde habitamos, em nossas relações com tudo e com todos? Provoque-se!
Boa meditação para você!
Por, Sebastião Catequista – CEBI PE