A mensagem de Jesus obriga a repensar totalmente a vida. Quem ouve o Evangelho sente que está sendo convidado a compreender, de uma maneira radicalmente nova, o sentido último de tudo e a orientação decisiva da sua conduta e de toda a sua vida.
É difícil permanecer indiferente ante a palavra de Jesus, pelo menos se continuamos a acreditar na possibilidade de sermos cada dia mais humanos. É difícil não se sentir inquietude e, até certo ponto, mal-estar ao ouvir palavras como as que hoje nos recorda o texto Evangélico: «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».
É impossível ser fiel a um Deus, que é o Pai de todos/as, e ao mesmo tempo viver como escravo do dinheiro e dos próprios interesses. Só há uma maneira de viver como um filho e filha de Deus: e essa maneira é viver como «irmão» dos outros/as. Aquele/a que vive apenas ao serviço de seu dinheiro e seus interesses não pode ocupar-se dos seus irmãos e irmãs e, não pode, portanto, ser filho/a fiel de Deus.
Quem leva Jesus a sério sabe que não pode organizar sua vida a partir do projeto egoísta de possuir sempre mais e mais. Aos que vivem dominados/as pelo interesse econômico, ainda que vivam uma vida piedosa e reta, falta-lhe algo essencial para ser cristão: quebrar a escravidão do «possuir» que lhe tira a liberdade de ouvir e responder melhor às necessidades dos pobres.
Ele/a não tem outra alternativa. E não pode enganar-se a si mesmo/a, acreditando ser «pobre de espírito» no íntimo do seu coração, pois quem tem alma de pobre não continua a desfrutar tranquilamente dos seus bens enquanto ao lado dele/a há necessitados/as até do mais elementar.
Tampouco podemos nos enganar pensando que «os ricos» são sempre os/as outros/as. A crise economia, que está deixando desempregados tantos homens e mulheres, obriga-nos a rever nossos orçamentos, para ver se não temos que reduzi-los para ajudar a quem ficou sem trabalho. Seria um bom teste para descobrir se servimos a Deus ou ao nosso dinheiro.
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez