Leia a reflexão do evangelho sobre Mateus 24,37-44. O comentário pertence a Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino.
Boa leitura!
Situando
Chegamos ao quinto Sermão da Nova Lei. Cada um dos quatro Sermões anteriores iluminou um determinado aspecto do Reino. O primeiro: a justiça do Reino e as condições de entrada (Mt 5 a 7). O segundo: a missão dos cidadãos do Reino (Mt 10). O terceiro: a presença misteriosa do Reino na vida do povo (Mt 13). O quarto: viver o Reino em comunidade (Mt 18). O quinto Sermão trata da vigilância em vista da chegada definitiva do Reino.
Mateus segue o esquema de Marcos, mas acrescenta algumas parábolas que falam da necessidade da vigilância e do serviço, da solidariedade e do julgamento.
No fim do século I, as comunidades viviam na expectativa da vinda imediata de Jesus. Elas diziam: “Quando Jesus passar eu quero estar no meu lugar!” E se perguntavam: “Quando Jesus vier, será que vou ser tomada ou vou ser deixada?” Havia um clima semelhante ao de hoje, em que muitos dizem: “O fim do mundo vai chegar logo!” E se perguntam: “O que fazer para não ser pego de surpresa?” A resposta a estas indagações e preocupações encontramos no Sermão da Vigilância.
Comentando
Mateus 24,37-41: Como nos dias de Noé – um será tomado, outro será deixado
Quem determina a hora da chegada do fim é Deus. Mas o tempo de Deus não se mede pelo nosso relógio ou calendário. Para Deus, um dia pode ser igual a mil anos, e mil anos igual a um dia (Sl 90,4; 2Pd 3,8). O tempo de Deus corre independentemente de nós. Nós não podemos interferir nele, mas devemos estar preparados para o momento em que a hora de Deus se fizer presente dentro do nosso tempo. Pode ser hoje, pode ser daqui a mil anos. O que dá segurança não é saber a hora do fim do mundo, mas sim a Palavra de Jesus presente na vida. O mundo passará, mas a palavra dele jamais passará (cf. Is 40,7-8).
Mateus 24,42-44: Vigilância – Jesus vem numa hora em que a gente menos espera
Deus vem quando a gente menos espera. Pode até acontecer que Ele vem e a gente não percebe a hora da sua chegada. Jesus pede duas coisas: uma vigilância sempre atenta e, ao mesmo tempo, uma entrega tranquila de quem está em paz. Tal atitude é sinal de muita maturidade, em que se misturam preocupação vigilante e tranquilidade serena, e em que se consegue combinar a seriedade do momento com a consciência da relatividade de tudo.
Alargando
Quando será o fim do mundo?
Quando dizemos “FIM DO MUNDO”, de que mundo estamos falando? O fim do mundo de que Jesus fala é o fim deste mundo, onde reina o poder do mal que esmaga e oprime a vida.
Este mundo de injustiça terá um fim. Ninguém sabe quando nem como será o fim deste mundo (Mt 24,36), pois ninguém pode imaginar o que Deus preparou para aqueles que o amam (1Cor 2,9). O novo mundo da vida sem morte ultrapassa tudo, como a árvore ultrapassa a sua semente (1Cor 15,35-38). Os primeiros cristãos estavam ansiosos para que este fim chegasse logo (2Ts 2,2). Ficavam olhando para o céu, esperando a chegada de Cristo (At 1,11).
Alguns nem trabalhavam mais (2Ts 3,11). Mas “não compete a vocês conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com a sua própria autoridade” (At 1,7). A única maneira de contribuir para que chegue o fim e “venham da face de Deus os tempos do refrigério” (At 3,20) é dar testemunho do evangelho em todo canto, até os confins da terra (At 1,8).
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