Reflexão do Evangelho de Mt 4, 12-23
Neste 3º domingo do tempo comum, nos colocamos a caminho com Jesus, segundo o relato da comunidade de Mateus, que, após experimentar as tentações no deserto, ouvindo que João, o Batista, havia sido preso, volta para a Galileia, na região beira-mar de Zabulon e Neftali. Os territórios de Zabulon e Neftali, a Galileia periférica, onde residiam os povos não judeus, que viviam na região sombria da morte (Is 9,1), segundo a profecia de Isaías, lugar de exclusão pelo povo “escolhido” de Israel. Neste local, com este povo, Jesus reconhece a proximidade do Reino dos Céus. Região de tantas pessoas adoecidas pela marginalização, Jesus cura aproximando-se e anunciando a Boa-Nova.
A Pastoral da Juventude do Brasil vem refletindo há alguns anos sobre as Galileias juvenis, recorte das realidades periféricas da nossa sociedade, algumas delas: população negra e indígena, mulheres, comunidade lgbtqiap+, pessoas com deficiência e tantas outras que podemos reconhecer em nossos territórios. Estas Galileias sociais se apresentam como lugares teológicos de encontro com o Deus de Jesus. Nesse caminho com Jesus nas periferias, encontramos experiências de trabalhos comunitários como a dos irmãos Simão Pedro, André, Tiago e João. Trabalhadores que deixam-se tocar pelo convite de Jesus, para ampliar o trabalho de subsistência pessoal para a construção coletiva do Reino dos Céus no meio do povo, a partir dos seus saberes comunitários. Dessa forma, a conversão que Jesus nos pede é para que nos abramos às necessidades além de nós, aos gritos de nossos irmãos e irmãs, e da nossa Mãe Terra, pois tudo está interligado (LS, 16).
Vivemos, hoje, um tempo de reconstrução e retomada histórica, caminhamos com mais esperança, mas é preciso vigiar. Assim como os primeiros discípulos, somos chamadas e chamados a anunciar a Boa-Nova da Paz, que é fruto da justiça, do acolhimento, da saúde integral, preferencialmente às pessoas das quais os direitos lhes são negados, nas periferias geográficas e existenciais. Para tanto, na defesa por democracia e vida digna, nossa reflexão e ações coletivas precisam chegar a todas as pessoas. Ao iniciarmos este novo ano, que a Ruah, sopro de Deus, nos desperte para a coletividade, a convivialidade que aproxima o Reino dos Céus (Mt 4, 17) da história.
Ir. Glenda Sábio Garcia
(Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã)