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Bíblia Sagrada: Um Mosaico de Traduções e Leituras na Diversidade da Fé

Caros amigos e caminheiros na esperança,

Recentemente li estupefato a crítica de padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior, presbítero da Arquidiocese de Cuiabá, publicada em rede social, na cruzada persecutória que ele realiza contra a Igreja que caminha ao lado dos pobres, contra a CNBB e sempre na contramão da renovação proposta pelo papa Francisco. Ele se especializou em atacar tudo aquilo que ele (PR) considera “ideologia” ou “marxismo cultural” ou uma pleiâde de palavras fantasmagóricas para assustar o povo que o escuta. Parece aqueles profetas da desgraça que falam mais do capeta do que apresentam o amor misericordioso do Pai Maternal de Jesus. Desta feita o ataque foi contra uma edição pastoral de Bíblia Sagrada publicada anos atrás pela Editora Paulus com obteve imprimatur eclesiástico e que passou por inúmeras edições posteriores, revisões e nova equipe de tradutores e expertos em idiomas bíblicos e língua portuguesa. Os argumentos são frágeis metodologicamente e denotam a ideologia daquele que ataca aos demais, sem ver a trave do próprio olhar. Impressiona o ataque dele que se diz canonista, em tema que exigiria a leveza na interpretação e a docilidade ao que pede a precisão exegética. Como lê com outros óculos claramente ideológicos e fundamentalistas, ele acaba por abominar aqueles que não sigam a sua cartilha individual e que leem em outra perspectiva legítima para ouvir e servir a Deus. Se visse o bem que a tradução Edição Pastoral fez entre os pequeninos e nas Igrejas de todo o Brasil, deveria levantar as mãos aos céus e bendizer ao Altíssimo e aos tradutores tão iluminados da Paulus Editora. Sua publicação serve de cizânia e joio na semeadura do Evangelho.

Resolvi recolher as versões todas que possuo em minha biblioteca pessoal em português e, verifiquei que tanto o que ele diz não se sustenta naquela tradução que ele abomina, como inda mais se lermos as demais versões inspiradas em outras correntes de interpretação. Ao cotejar as vinte traduções em vários idiomas, vejo que a diversidade de leituras enriquece e nos faz louvar a beleza desse caleidoscópio que é a Palavra do Verbo Encarnado. Ler as traduções pelo trabalho de anos e anos dos/das biblistas mostrou-me que as traduções são todas estradas frágeis que ajudam o coração humano a ouvir o Amor de Deus que se faz carne nas culturas, idiomas e ortografias humanas. Importante é ouvir a Deus. Ele fala como brisa leve. E fala a cada ser deixando marcas e vestígios. A Bíblia revela o livro maior da Vida e do Amor.

Abaixo posto o meu pequeno estudo provisório. Devo fazer aqui um preito de gratidão a muitos exegetas mas quero citar aqueles que penetraram na alma e no pensamento: Frei Gilberto da Silva Gorgulho, Ana Flora Anderson, Domingos Zamagna, Carlos Mesters, pastor Milton Schwantes, José Ademar Kaefer, Pedro Vasconcelos, Rafael Rodrigues Silva, Claudio Vaianney Malzoni, Matthias Grenzer, Paulo Evaristo Arns, Ivo Stornilo, Jean-Marie Van Cangh, Adolphe Gesche, Johan Konings, l. J. Baraúna, J. Maraschin, Haidi Jarschel, Nanci Pereira, Calisto Vendrame, Herminio Andres Torrices, José Comblin, Pablor Ricahrd, Elza Tamez, P. Bogaert, rabino Alexandre Leone, entre tantas e tantos que amaram e amam a Bíblia Sagrada como DABAR.

Abraços

Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior
assistente doutor da PUC-SP.


Traduções em português da Bíblia Sagrada e curiosidades – Pesquisa provisória do Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior, assistente doutor da PUC-SP. Atualizada em 08/02/2024 festa de Santa Josefina Bahkita.

Há muito a dizer sobre a biblioteca que chamamos Bíblia. Texto em três idiomas: aramaico, hebraico e grego. Escritos por dezenas de escritores inspirados em mais de 1200 anos de caminhada do Povo de Deus. 73 (ou 67) livros que expressam em palavras humanas a Palavra do Eterno Criador e de seu Filho amado. As traduções deste texto religioso fundamental chegam a milhares e ainda há mais 4 mil traduções em processo. Na língua portuguesa existem dezenas de traduções de cada denominação ou grupo de estudiosos e confissões cristãs. Uma diferença marcante entre as bíblias dos irmãos evangélicos ou protestantes e as edições católicas são os Livros chamados de deuterocanônicos (segundo canon – escrito na diáspora em grego) nas edições católicas, e intitulados apócrifos nas edições das igrejas da Reforma que levou em conta só os textos em hebraico massorético. Não estão na Bíblia dos irmãos evangélicos no Brasil por conta da decisão de Lutero emo traduzir a Bíblia ao alemão vulgar do texto hebraico sem tomar em conta a Septuaginta-versão grega do Antigo Testamento. Há leituras diversas e ricas interpretações exegéticas de muitos textos em particular os que fundamentam os dogmas e a autoridade episcopal. Os sete livros que constam das versões católicas são:

• 1° Livro dos Macabeus

• 2° Livro dos Macabeus

• Tobias

• Judite

• Sabedoria

• Baruc

• Eclesiástico ou Sirácida

Há trechos acrescentados aos livros de Daniel e de Ester presentes nas bíblias católicas. Um detalhe da tradição magisterial nas Igrejas Católicas em todos os países do mundo é que Bíblias Católicas precisam ter nihil obstat e o IMPRIMATUR de um bispo ou da Conferência dos Bispos onde a edição/tradução for publicada.

 

Algumas traduções em português:

1ª. Bíblia Pastoral (Editora Paulus) – em linguagem simples e compreensível pelo povo. Editada em 15/04/1990, com imprimatur do bispo D. Vital J. G. Wilderink, então bispo de Itaguaí, RJ e responsável pela linha três – Catequese da CNBB. Recebe o imprimatur oficial do presidente da CNBB, em 26/11/1991, com a assinatura de dom Luciano Mendes de Almeida. A tradução, introdução e notas foram feitas fundamentalmente por dois exegetas e biblistas: Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin. Há nova edição revista em publicada em 25/01/2014 por novo grupo de biblistas coordenados pelo padre paulino Paulo Bazaglia, com imprimatur de Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis, presidente da CNBB e com o nihil obstat de Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, DF, e presidente da Comissão de Doutrina da CNBB. Ambas as versões privilegiam uma leitura e interpretação social e de transformação, conhecida como leitura genético-estrutural.

2ª. Bíblia do Pão (Coedição Ed. Vozes e Ed. Santuário) – linguagem fácil. Sua primeira edição é de 21/09/1982, com a coordenação de Frei Ludovico Garmus, O.F.M. e imprimatur do cardeal Paulo Arns, arcebispo de São Paulo. Têm 24 mapas ao longo do texto. Tradução do grego, hebraico e aramaico por estudiosos brasileiros. A introdução geral é do frade carmelita Carlos Mesters. Tem um grande índice bíblico-pastoral de 62 páginas e ainda apêndices sobre pesos, medidas, etc.

3ª. Bíblia da CNBB (Edições CNBB) – linguagem simples para leitura pública e liturgica. Editada inicialmente no ano 2018, está em sua sexta edição. A tradução do Novo Testamento data de 04/01/1997 com nihil obstat de padre Benjamin Carreira de Oliveria e padre Ney Brasil Pereira. Imprimatur do cardeal Lucas Moreira Neves, presidente da CNBB. Notas são só explicativas de termos, ou de variação de textos e traduções possíveis. Não tem notas pastorais. Para uso litúrgico harmônico em todas as igrejas católicas do Brasil.

4ª. Bíblia Sagrada de Aparecida (Editora Santuário)– Edição recente, de 2006, em linguagem simples. Único tradutor, padre redentorista José Raimundo Vidigal, que a fez a partir de textos gregos, hebraicos e aramaicos. Ao final possui um grande vocabulário bíblico com 51 páginas, o que facilita o estudo de temas. Também possui um indicador de fatos e datas mais importantes da época bíblica.

5ª. Bíblia Sagrada (Editora Ave Maria) – Utilizada por membros da Renovação Carismática Católica. É uma tradução antiga, do francês, publicada em 13/06/1959, a partir da tradução dos Monges beneditinos de Maredsous, na Bélgica. Possui notas, voltadas a questões de texto, e pequenos esclarecimentos. Os Salmos desta tradução são muito apreciados para oração pessoal. A Editora Ave-Maria lança a Bíblia em 25/11/1958 por ocasião do centenário das aparições de Lourdes. Há um prefácio escrito pelo arcebispo coadjutor de São Paulo, dom Antonio Maria Alves de Siqueira aprovando o trabalho do Centro Bíblico de São Paulo coordenador pelo padre Frei João José Pedreira de Castro, OFM em um trabalho de tradução que durou dois anos.

6ª. Bíblia Sagrada: Nova Tradução na Linguagem de Hoje (Ed. Paulinas)– Tradução iniciada na década de 1970, com a publicação inicial do Novo Testamento na Linguagem de Hoje. Foi iniciativa da SBB – Sociedade Bíblica do Brasil depois em coedição com a editora católica das Paulinas, em tradução completa da Bíblia lançada em janeiro de 2005. Teve a tradução dos livros do Antigo (Primeiro) Testamento e os Livros deuterocanônicos, com participação de instituições bíblicas católicas, ortodoxas, etc. Teve o nihil obstat do bispo belga dom Eugene Lambert Rixen, bispo de Goiás e presidente da Comissão de Animação Bíblico-pastoral da CNBB e o imprimatur do cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador, BA e presidente da CNBB.

7ª. Bíblia de Jerusalém (Ed. Paulus)– Edição do ano 1973, revista e atualizada em nova versão em 20/08/1985, tendo como coordenadores Frei Gilberto S.Gorgulho, Ivo Storniolo e Ana Flora Anderson, com o imprimatur do cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo. Tem muitíssimas notas de estudo e aprofundamento. As notas e introduções originais são traduções da edição francesa da edição La Sainte Bible, realizada pela Escola Bíblica da Jerusalém, um dos mais importantes centros de estudos bíblicos do mundo. Foi traduzida a partir de originais grego, hebraico e aramaico. Uma nova edição foi publicada em 20/08/2002.

8ª. Bíblia Tradução Ecumênica da Bíblia – TEB (Ed. Loyola) – É uma tradução que levou décadas para ser traduzida na França. Tradução iniciada no pós Segunda Guerra Mundial, como trabalho conjunto de grandes especialistas bíblicos cristãos e judeus, o que foi feito pela primeira vez na história e, finalizada em 1980. Têm mapas, índice de principais notas, quadro cronológico extenso, notas introdutórias aos textos dos livros de muito boa qualidade, tabela de pesos e medidas. A tradução se fez a partir da edição francesa, mas a tradução foi comparada com os textos do hebraico, aramaico e grego. A edição brasileira teve a supervisão científica, teológica e exegética do padre jesuíta Johan Konings e publicada em 1994. Teve aprovação do presidente da CNBB, dom Luciano Mendes de Almeida.

9ª. Bíblia do Peregrino (Ed. Paulus)– Diferente das demais. Único autor é o padre Luís Alonso Schökel, publicada em 1996 na Espanha. É uma tradução idiomática, que procura estar mais próxima de nosso idioma, e manter o que o texto original possui de beleza poética. Possuí vocabulário de principais notas, mapas, introduções aos livros e o texto da Constituição Dogmática dei Verbum, do Concílio Vaticano II. As notas explicativas são por trechos (chamados de perícopes). Esta Bíblia é muito propicia para a contemplação e meditação. A edição brasileira teve coordenação de José Bortolini e Ivo Storniolo com a tradução de vocabulário, introduções e notas feitas por José Raimundo Vidigal. Obteve aprovação eclesiástica em 1999. Edição publicada em 2017 pela Editora Paulus.

10ª. Bíblia Sagrada – traduzida de forma exemplar e minuciosa para o português pelo reverendo João Ferreira Annes d´Almeida (1628+1691), pastor calvinista, membro da Igreja Reformada da Holanda. A primeira impressão completa datava de 1753, em dois volumes, depois de passar por várias e importantes revisões. Em um só volume em 1819. A tradução estava pronta em 1694 para o português depois de 40 anos de trabalho. Foi lançada pela Sociedade Bíblica do Brasil, no Rio de Janeiro, no ano de 1953 tendo sido impressa na Grã-Bretanha por William Clowes and Sons Ltd. Londres. Há uma revisão em 1993. Há bela edição da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil em 1994 tendo ao final um roteiro para ler a Bíblia inteira em dois anos. Também vale ressaltar a Bíblia de Estudo Plenitude, em edição revista e corrigida de 1995, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil, em Barueri, SP. A tradução de João Ferreira de Almeida também é distribuída gratuitamente nas portas de escolas, universidades e quartos de hotéis pela organização dos Gideões internacionais.

11ª. Bíblia Sagrada – coedição de E.P. e Editora Maltese com muitas ilustrações da arte universal – tradução do padre Antônio Pereira de Figueiredo. Com nihil obstat do bispo auxiliar de São Paulo, dom Paulo Rolim Loureiro em 1962. Lançada durante a visita do papa João Paulo Segundo ao Brasil. Impressa pela Gráfica do Jornal O Estado de São Paulo. Não consta o nome dos exegetas e teólogos que fizeram a revisão.

 

Curiosidades bíblicas diversas:

Uma edição referencial para as igrejas da reforma é a de Dr. Martin Luthers, chamada Die Bibel oder die ganze Heilige Schrift, Alten um Neuen Testaments, tendo uma bela edição publicada em Köln (Colona) em 1885. Nesta edição em alemão vemos que há 806 páginas numeradas do Antigo Testamento e depois são 266 páginas com nova numeração para o Novo Testamento. A formatação do texto de Eclesiastes capitulo 3 é uma obra de arte gráfica. Todos os imigrantes luteranos traziam consigo tal edição histórica impressa na Alemanha desde os tempos de Gutemberg.

A edição referencial para os católicos é a a Nova Vulgata Bibliorum Sacrorum, publicada pela Libreria Editrice Vaticana, editio typica altera, em 1986, promulgada e aprovada pela Constituição Apostolica Scripturarum Thesaurus, em 25/04/1979 pelo papa João Paulo II e tendo como presidente da Comissão Pontifícia Dom Eduardus Schikh, bispo de Fulda, Alemanha. São 2306 páginas em latim e três apêndices.

O padre Humberto Rohden foi um dos primeiros católicos a traduzir no Brasil o Novo Testamento diretamente do grego, ainda que tenha recebido muitas críticas. Publicada pela instituição católica romana Cruzada Boa Esperança, em 1930.

Padre Manuel de Matos Soares realiza sua tradução popular da Bíblia para os católicos, publicada em 1927, baseada na Vulgata Latina, com notas defendendo os dogmas da Igreja Católica Romana, e recebe apoio papal em 1932. Há reedição em 1956, trabalhada pelo próprio tradutor, falecido em 1958. Padre. Matos Soares trabalhou com o auxílio do padre jesuíta Luís Gonzaga da Fonseca, professor no Pontifício Instituto Bíblico revisando o seu próprio texto (traduzido décadas antes diretamente da Vulgata Latina) e confrontando-o com os originais hebraicos e gregos.

Há pequena seleção de textos bíblicos compilada na Bíblia da Criança, organizada por Jacob Ecker, e publicada em Navarra, Espanha pela Editora Verbo Divino, traduzida e adaptada ao brasileiro pelo padre Artur Schwab, SVD e dom Mario Teixeira Gurgel, SDS, bispo de Itabira, MG, com aprovação de Dom Albano Bortoletto Cavalin, em julho de 1979, impressa em Madrid e distribuída no Brasil. Tinha 64 páginas.

A Editora Vida (evangélica pentecostal) publica em 2007 uma tradução inédita em português do Novo Testamento judaico, de David Stern, traduzida do inglês, onde procura manter a poesia e estilo judaico subjacente ao texto grego do Novo testamento. Pretende transparecer a judaicidade originaria do Novo Testamento. Nomes e lugares são mantidos na grafia judaica para dialogar com os judeus messiânicos que aceitam Jesus como Ungido. O tradutor pretende dar suas opiniões na tradução de forma cautelosa, mas inevitável, pois não é possível neutralidade, pois iludiria a si mesmo e os leitores.

Infelizmente ainda não há em português, do original francês, a preciosidade elaborada pelo “gênio da tradução” conhecida como La Bible Osty, publicada por Editions du Seuil, em 1973, fruto de mais de 25 anos de trabalho de Émile Osty em colaboração com Joseph Trinquet e apoio insubstituível da senhora C. Cambon, leitora da tradução em voz alta para que o texto fosse lido e ouvido (sic). Recebeu o nihil obstat em 12/12/1969 de F. Tollu, em Paris e o imprimatur de E. Berrar, em 15 de dezembro de 1969, também em Paris, França. Total de 2620 páginas. Abundantes notas, mapas e linha do tempo além de preciosos índices.

Há tanta diversidade e riqueza nas traduções e nas leituras (sociológica, psicológica, catequética, performativa, espiritual, genético-estrutural, literárias, gêneros, novelas, poesia e prosa), mas o coração/núcleo da leitura bíblia deve ser este: “a leitura da Bíblia deve ser feita em espirito de oração (Dei Verbum 25)”. Afinal, a Bíblia como texto com pretexto e contexto sempre viveu o conflito da história mergulhada nas interpretações dos autores e leitores. Bíblia Sagrada está à serviço da caridade e da esperança, pois é o livro Sagrado que pretende ser uma mensagem de Vida. Como cantamos nas igrejas católicas e evangélicas com alegria: “Palavra não feita para dividir ninguém, Palavra é uma ponte onde o amor vai e vem”. Ou ao final da leitura dizemos a doxologia orante: Palavra da Salvação. Glória a ti, Senhor!

Fonte original da pesquisa: https://igrejasaobenedito.com.br/2018/03/07/que-biblia-devo-adquirir/

Capas de algumas das edições impressas da Bíblia Sagrada em português.

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