Aconteceu em São Paulo-SP, de 06 a 14 de janeiro,o XXVIII Curso de Verão com o tema “Juventude e relações afetivas” do CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular) realizado na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – SP).
A convite dos/as amados/as companheiros/as da Pastoral da Juventude de Itaquera (Paróquia Nossa Senhora do Carmo) estivemos juntos/as no 06 °dia do curso, na palestra com o tema “Viver a sexualidade como caminho espiritual”. O evento teve a assessoria de Marcelo Barros, monge beneditino, biblista, teólogo e escritor. Também membro da Comissão Teológica da Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT), e do CEBI).
Refletimos sobre a pluralidade das sexualidades e no quanto ainda há tabus a serem superados quando abordamos este tema. Marcelo Barros, ressaltou a importância de não banalizarmos as relações afetivas e contextualizou com à abordagem que as diversas religiões tem feito ao longo dos milênios ou séculos, sobre sexualidade e o divino.
Sabemos que as religiões mais antigas, a exemplo da religião do Império Persa, apresentam em sua maioria, um aspecto dualista do mundo, o bem e o mal,tratando as relações sexuais como efêmeras, negativas, neste caso, ligadas ao deus Ariman, a personificação do mal, opositor de Ormuzd, e que este conceito foi incorporado por diversas outras tradições religiosas que vieram depois.
Eu, enquanto candomblecista, reflito na figura do Òrìṣà Èṣù, que também seria o senhor das energias sexuais, conhecedor dos órgãos reprodutores humanos ,sendo um de seus símbolos, o Ogó, um cetro com formato fálico ereto.Sendo importante lembrar que nas religiões de matrizes africanas, não há este conceito de dualidade, bem e mal, ou pecado. As relações sexuais são vistas como fonte de alegria, prazer, saúde e da renovação do próprio Àṣẹ corporal, parte fundamental de nossa energia vital.
Deste modo,tanto podemos refletir sobre o ato de relacionar-se sexualmente como algo instintivo, característico humano,próprio de nossa corporeidade, quanto podemos pensar, igual lembrou o assessor ,que se traduzíssemos literalmente uma parte do cântico dos cânticos, teríamos “Onde reina amor, Deus aí está”, ou seja, onde há um ato de amor, seja ele; Eros, Pragma, Philia, Ágape*, não importa, ali Deus se faz presente.
Nós, enquanto juventudes temos que refletir e discutir sobre este tema que nos é tão próprio, pensando na desconstrução de pré-conceitos, de “padrões” heteronormativos, machistas, entre outros que nos impedem de vivenciar as relações afetivas e as sexualidades de modo pleno, respeitando a pluralidade e diversidade do mundo em que habitamos.