Organizada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, a manifestação em Porto Alegre começou em frente à prefeitura. No local, representantes de centrais sindicais, de movimentos sociais, como Via Campesina, Movimento Nacional de Luta pela Moradia, dos estudantes de diferentes universidades, de matriz africana foram se juntando ao protesto. Enquanto manifestantes chegavam, outros preparavam faixas ou seguravam cartazes, a maioria com a frase “Fora, Cunha.”
Depois, os manifestantes cruzaram o Largo Glênio Peres, a essa altura já com a participação também do movimento cultural da cidade, e seguiram em marcha pelas ruas centrais dos arredores. Com muitas faixas em defesa da democracia, bandeiras de diferentes cores e representações, camisetas e adesivos com “Fora, Cunha”, eles gritavam empolgados “Não vai ter golpe, vai ter luta”. Aos comerciantes que estavam em frente às lojas e ao público, faziam um apelo: “Vem, vem, vem pra rua vem, que é contra o golpe”. Em alguns momentos, interromperam os cantos para explicar à população os motivos da marcha: “Nós, trabalhadores e trabalhadoras, viemos dialogar com os nossos: Não vai ter golpe, vai ter luta”, disse um dos manifestantes.
“Não se esqueçam de falar para os colegas, os vizinhos que os golpistas do impeachment são os mesmos que querem estender a terceirização sem limites, são os mesmos que dizem que a valorização do salário mínimo não é compatível com o país”, alertou o presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Claudir Nespolo, entidade que integra a Frente Brasil Popular. O dirigente sindical frisou, ainda, que os defensores do processo de impeachment também são críticos dos investimentos nos programas Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, os classificando como “gastança.” “Nós vamos colocar os golpistas em seu devido lugar”, concluiu Nespolo.
Já a coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado, Ana Honorato, aproveitou para convocar todos a participarem do lançamento da Frente Negra em Defesa da Democracia, na próxima segunda-feira (21), às 18h, na Assembleia Legislativa. “É mais uma frente que se soma à defesa da democracia”, completou ela. Da União Brasileira de Mulheres, Tite Alves afirmou que os defensores do impeachment são os “que refutam as conquistas brasileiras.” “Com democracia não se brinca, estaremos nas ruas gritando mais alto”, avisou ela, num recado a movimentos pró-impeachment.
Ao final, um dos organizadores do ato pela Frente Povo Sem Medo, Mateus Portela, avaliou a manifestação como “um avanço” devido à “unidade” dos diversos movimentos socais que se juntaram à marcha. Também, segundo ele, foi importante “dialogar com a população” sobre o momento que o país passa e os reflexos da política econômica. “Os banqueiros lucram e a população paga esse lucro”, observou o jovem, que também integra o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
Os agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) calcularam que 4 mil pessoas participaram do ato. Já os organizadores estimaram em 8 mil manifestantes.