Com o objetivo de dizer NÃO ao racismo e à intolerância religiosa, sob a motivação de FE-Brasil ACT, ABONG e outros organismos para o dia do UBUNTU (Sou o que sou pelo que nós somos), levamos o nosso abraço e o nosso ouvido ao Terreiro. O dia da escuta aconteceu sábado (24 de setembro de 2022), onde em uma parceria o CEBI-MS (Centro de estudos Bíblicos) e a UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) realizaram uma visita ao Terreiro de Umbanda Cacique Pirauê, localizado no Bairro Santa Emília, na cidade de Campo Grande/MS.
Na ocasião, a casa estava realizando a festa de Cosme e Damião e Doum. A festa celebra a criança que existe em cada um e cada uma de nós. Nessa tarde foi oferecido um momento de alegria e descontração para as crianças do bairro onde a Casa de Umbanda está localizada, além de doações de roupas e calçados para os moradores. Segundo o dirigente da casa, Anderson Meaurio (Pai Anderson), esta ação se estenderia no dia seguinte, por mais sete bairros da cidade de Campo Grande, por onde passariam entregando doces e roupas.
Ao nos acolhermos, Anderson disse que a Umbanda é diversa, ela acolhe a todos, sem distinção de status social, profissão, raça, cor ou gênero. Nela, todas e todos são criaturas de Zambi (Deus), trabalhadores para a prática do bem. Que sempre estão abertos ao diálogo com todas as religiões, que não estão aqui para catequizar ninguém, mas sim para dar um conforto (que é como eles chamam o passe) para aqueles que buscam o terreiro em seus momentos de dor, angustia e sofrimento.
Anderson ainda denunciou o preconceito e o racismo sofrido pelas religiões de matriz africana: “Vivemos em um país onde a intolerância religiosa impera, as pessoas querem impor sua religião sobre a outra. É preciso se despir das crenças religiosas e enxergar que acima de cada credo existe uma pessoa, uma criatura divina. Precisamos nos respeitar enquanto seres humanos”.
Por parte do CEBI, lembramos o texto de João 4,1-37 (o encontro de Jesus com a Samaritana), segundo o qual Jesus bebe da água da mulher e a mulher bebe da água de Jesus. Há uma troca muito bonita, em que cada uma e cada um mata sua sede. Precisamos beber da água uns dos outros, em experiências religiosas diferenciadas.
Por Francisca Feitosa, CEBI-MS