Neste contexto pandêmico de agravamento e agudização das desigualdades, o CEBI, com a colaboração das agências parceiras e de pessoas do próprio CEBI, se propôs a levar alívio à população com a qual seus grupos trabalham. A partir de edital próprio foram inscritos projetos que desejavam receber o valor de três mil reais para ajuda humanitária em diferentes regiões do Brasil (DF, RS, RR, PI, PA, PE e MA), com realidades diversas, mas que em comum contavam com o compromisso de levar auxílio aos que mais necessitavam.
Foram oito projetos contemplados, que executaram suas atividades nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro. A seguir, um breve relato sobre cada um deles, público atendido e ações realizadas.
NOME DO PROJETO | CEBI ESTADUAL | LOCALIDADE ATENDIDA | NÚMERO DE PESSOAS |
GARANTIR | CEBI – TO | Palmas | 43 famílias |
FERMENTANDO A VIDA | CEBI – RS | Gravataí | 60 famílias |
CUIDAR | CEBI – RR | Boa Vista | 21 pessoas |
AJUDA A QUEM TEM FOME | CEBI – PI | Matias Olímpio | 50 famílias |
MAMANGAL SOLIDÁRIO | CEBI – PA | Igarapé Miri | 106 pessoas |
SOLIDARIEDADE E TRANSFORMAÇÃO | CEBI – DF | Vila União | 60 famílias |
COZINHA-ESCOLA COMUNITÁRIA | CEBI – PE | Sertão Petrolina | 100 pessoas |
ALIMENTANDO A ESPERANÇA | CEBI – MA | São Mateus do Maranhão | 50 famílias |
PROJETO GARANTIR
Este projeto proporcionou a ampliação do trabalho que a CASA A + vem desenvolvendo junto com a comunidade religiosa anglicana do Cristo Redentor, atendendo pessoas negras, que vivem com HIV, trabalhadores do sexo, transgêneros, e que usam drogas.
Foram distribuídas 43 unidades de cestas básicas para a comunidade do Jardim Taquari, um bairro “dormitório” marcado pelas desigualdades sociais, falta de saneamento básico, moradias em precárias situações e famílias em situação de abandono por parte dos governos municipal e estadual.
PROJETO FERMENTANDO A VIDA
Este projeto buscou contribuir com um trabalho desenvolvido pela Igreja Sagrada Família em Gravataí, que atende pessoas desempregadas, empobrecidas, imigrantes haitianos, senegalêses e venezuelanos que residem nas periferias. Com o recurso disponibilizado foi adquirido um forno elétrico industrial e materiais para a produção e doação de pães e ainda para disponibilizar a utilização do forno pelas famílias cadastradas. Um belíssimo encontro de natal foi preparado para as famílias atendidas.
PROJETO CUIDAR
Com o intuito de contribuir com a Pastoral Universitária do Estado de Roraima, que acolhe há mais de 4 anos, migrantes e refugiados, este projeto utilizou os recursos oferecidos pelo CEBI para acolher cerca de 21 migrantes, acompanhando-os desde sua chegada da Venezuela, a maioria deles somente com a roupa do corpo, até o embarque rodoviário ou aéreo, para interiorização. A acolhida aos imigrantes que chegam consiste em oferecer: transporte, alimentação, moradia (água, luz, internet, lavagem de roupas…), roupas, calçados, medicamentos. Dos 21 atendidos, uma família de 3 integrantes ainda encontra-se na Casa de Passagem parceira aguardando a data para embarcar e encontrar-se com familiares já interiorizados.
PROJETO AJUDA A QUEM TEM FOME
Na zona rural de Matias Olímpio – PI foram detectadas, pelas lideranças comunitárias locais, famílias em situações de vulnerabilidade, que, em virtude da pandemia, perderam seus empregos e vinham passando fome. Com os valores repassados pelo CEBI, este projeto contemplou 50 famílias das periferias e pequenos núcleos rurais do município.
PROJETO MAMANGAL SOLIDÁRIO
No Mamangal, assim como no São João e no entorno dos rios e igarapés da região, encontramos várias comunidades que, além da Covid 19, enfrentam a miséria e a fome, elas matam aqui todos os dias. É a realidade de uma comunidade que embora tenha os recursos naturais, sofre a exploração dos “regatões” que recolhem os frutos do extrativismo, condicionando por troca futura em gêneros alimentícios, como óleo, açúcar, sal, etc. gerando um ciclo vicioso entre explorador e explorado. Com o recurso disponibilizado pelo CEBI foram comprados e distribuídos gêneros alimentícios e de higiene pessoal para 106 pessoas em vulnerabilidade social da Comunidade ribeirinha do Rio Mamangal Grande.
PROJETO SOLIDARIEDADE E TRANSFORMAÇÃO
Este projeto buscou contribuir com um trabalho desenvolvido pelo Centro Social Anglicano na Comunidade da Vila União – Novo Gama – Goiás, que durante a pandemia já atendia mensalmente 269 famílias. São mães em situação de vulnerabilidade social, mulheres trabalhadoras domésticas, em sua maioria sem os direitos trabalhistas. O recurso oferecido pelo CEBI possibilitou alcançar mais 60 famílias com cestas básicas, totalizando 329 famílias atendidas, com a entrega no dia 05/11/2021.
PROJETO COZINHA-ESCOLA COMUNITÁRIA
O Mãos Solidária, Petrolina, Pernambuco, é um projeto que executa atividades de caráter solidário, com propósito de atender famílias em situação de vulnerabilidade social, mulheres e mães solos, moradoras de bairros periféricos e ocupações urbanas, em situação de pobreza e fome, da cidade de Petrolina Pernambuco, por meio de uma cozinha comunitária de caráter profissionalizante. Ao todo são 15 mulheres participantes dos cursos, dentre as mais de 100 beneficiárias do projeto, o que mostra o quanto ainda é possível e necessário ampliar, principalmente pelas condições do projeto: as colaboradoras levavam seus equipamentos de casa ou do trabalho, isso dificultava a formação de forma mais participativa e ativa das mulheres envolvidas no processo. Muitas nem conseguiam manipular os produtos, aprendiam mais por observação.
A partir da parceria com o CEBI, através do Projeto Resiliência, o Mãos Solidária Petrolina foi beneficiado com vários utensílios e equipamentos apropriados aos cursos de pães, biscoitos e bolos. Com a compra dos equipamentos a continuidade da formação do grupo de mulheres foi garantida. Com mais utensílios, mais mulheres passaram a “botar a mão na massa”, expressão dita por várias participantes que se queixavam da pouca participação por falta de bacias, rolos e cortadores de massas.
PROJETO ALIMENTANDO A ESPERANÇA
O Projeto Alimentando a Esperança foi um projeto mantido pelo Fundo de ajuda humanitária Comunidades Resilientes – Cebi Nacional desenvolvido pelo CEBI do Município de São Mateus do Maranhão em parceria com Associação da Casa da Juventude de São Mateus com o objetivo de assistir mulheres que assumiram o papel de chefe de família e que estão presentes nas periferias da cidade e em comunidades da zona rural (Vila Lobão, Avenida Piqui, Bairro São João, Bela Vista e Brejo, e na zona rural da comunidade de Andirobal e Barro Branco). Com o recurso foram adquiridas 50 cestas básicas, uma caçarola para o Sopão solidário e frutas para compor as cestas. O projeto atendeu um total de 50 (cinquenta) mulheres, negras, com a faixa etária entre 30 e 55 anos, donas de casa e gerenciadoras da família.
Fica registrado a ausência de fotos no ato da entrega para pessoas individuais, pois se percebeu uma timidez muito grande por parte das mulheres contempladas.
Lições aprendidas
Conforme descrito acima, os oito projetos desenvolvidos ao longo dos meses de outubro a dezembro proporcionaram ações humanitárias que ajudaram as comunidades atendidas, sendo assim, convém salientar que os aprendizados adquiridos com essa atividade superaram o sentido palpável dos bens oferecidos.
Para os desenvolvedores do Projeto Alimentando Esperança, as principais lições aprendidas foram o trabalho coletivo que o grupo do CEBI articulou, proporcionando um planejamento em equipe, com os passos metodológicos de visitas, levantamento das famílias e registros. Foi possível verificar a importância do avanço na prática de leitura popular da bíblia para mais territórios geográficos e para as periferias, mesmo percebendo as resistências, se faz necessário que elas sejam apoiadas, valorizadas e sobretudo no propósito de provocar o empoderamento das mesmas.
A mensagem final apresentada pelo Projeto Cuidar fala sobre a certeza de que o Projeto de Deus acontece de forma mais efetiva quando se une os esforços e a palavra utilizada para expressar todo o processo é GRATIDÃO!
O Projeto Garantir destacou que a realização das ações junto com a Comunidade religiosa anglicana do Cristo Redentor possibilitou a leitura e reflexão popular da bíblia, proporcionando a oportunidade de usar essas experiências como luz para análises de outros contextos, bem como a descoberta e construção coletiva de novos caminhos a serem vivenciados.
As ações promovidas pelo CEBI, na perspectiva do Projeto Mamangal solidário, reafirmaram o compromisso coletivo com a Palavra, a partir da Leitura Popular da Bíblia, pois esta tem como prioridade os excluídos, esquecidos e famintos, visando, sobretudo, a transformação da sociedade.
O CEBI, mesmo não sendo uma organização de ajuda humanitária, deve tomar em conta as situações emergenciais no seu trabalho de leitura popular da Bíblia. A organização aprendeu uma maneira nova e um “lugar” novo de promover a Leitura Popular da Bíblia, ou seja, ler a Bíblia para aliviar imediatamente o sofrimento das pessoas. Esse “lugar” da emergência, seja ela qual for, é agora parte integrante da epistemologia utilizada pelo CEBI no seu trabalho de exegese e hermenêutica da Bíblia e da vida.
O Conselho do CEBI aprendeu novos instrumentos e metodologias para avaliar projetos e como acompanhar o desenvolvimento do mesmo. Os projetos vieram de comunidades locais com a aprovação e acompanhamento das coordenações locais.