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Profecia e Sustentabilidade dos Povos Originários e Quilombolas

No mês de abril de 2024 o CEBI ofereceu três encontros de formação relacionados à Profecia e Sustentabilidade dos Povos Originários e Quilombolas. Eles aconteceram na modalidade virtual (plataforma zoom), nos dias 04, 11 e 18 de abril, no período da noite, e foram respectivamente assessorados pelo Saulo Feitosa, Matias – ambos do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) – e pela Jolmaci Barreto, quilombola e integrante do CEBI-BA, e Adão Gaspar, agricultor familiar da comunidade de Rodagem, município de Lapão (BA) e engenheiro agrônomo.

No dia 04 de abril, Saulo refletiu que a temática profecia e sustentabilidade dos povos originários e populações tradicionais nos provoca a vivenciar as várias possibilidades de organizar e viver a vida, pensando outros projetos de mundo, além do Estado, em defesa dos vários modos de ser e existir no mundo. Assim, a gente começa a pensar em todo o processo de construção da sociedade brasileira, que é fruto de muitos massacres e genocídios, sobretudo contra o povo negro e indígena. Porém, os povos que foram vítimas dessas violências, sempre resistiram e testemunharam profeticamente. Nesse contexto, Saulo refletiu a partir da resistência do profetismo indígena Tupi, no processo de invasão dos seus territórios.

Veja o conteúdo completo no link:

https://www.youtube.com/watch?v=oX0lug5xUFE

No dia 11 de abril, Matias nos transportou em uma viagem para o mundo Guarani-Kaiowá, para fazermos um exercício de estarmos mais perto desses povos, apesar de no momento ser apenas em nossa imaginação. Matias ressaltou que o mundo Kaiowá é muito intenso, sempre em movimento e com sorrisos e belezas, apesar da situação de genocídio a qual está submetido, em espaços diminutos à beira de uma rodovia. Ele lembrou que alguns indígenas Kaiowá dizem “que a vida é um delírio rápido entre a cerca da propriedade privada e a cachoeira de carros barulhentos”. Matias ressaltou também que não falaria somente das mazelas, mas também das resistências proféticas e da conjuntura atual do Brasil, sobretudo no que diz respeito aos povos originários.

Veja o conteúdo completo no link:

https://www.youtube.com/watch?v=nL7-mhb2eHw

No dia 18 de abril, a Jolmaci Barreto e o Adão Gaspar nos provocaram a pensar que profecia e sustentabilidade dos povos originários e quilombolas tem a ver com lutas por acesso a políticas públicas (habitação, saúde, saneamento, educação…); acesso à terra e água, assistência técnica, em compromisso com as gerações futuras. Jolmaci e Adão ressaltaram que em uma sociedade que prima pelo individualismo, nossas crianças e jovens precisam viver a experiência de construir ações coletivas em defesa dos territórios e da luta pela água, da vida na sua integralidade, e não somente do ouvir, mas colocar a mão na terra, vivenciar a importância de saberes ancestrais, pois o consumismo tão defendido pelas relações capitalistas, tende a nos afastar do sagrado da terra e das águas. Nesse contexto, a Jolmaci e o Adão apresentaram um projeto comum chamado “cisterna na escola como ferramenta pedagógica da educação contextualizada”, que trabalha na perspectiva do resgate do trabalho comum em prol da comunidade.

Veja conteúdo completo no link:

https://www.youtube.com/watch?v=VbpBaLnEixQ

Por fim, ao serem perguntadas “para além do conteúdo próprio dos encontros de formação, quais as outras aprendizagens”, algumas pessoas responderam:

O respeito à natureza por ela mesma;

a partilha dos saberes nos grupos;

os mitos dos povos originários relacionados ao primeiro testamento da Bíblia;

a espiritualidade que pode ser compreendida a partir de uma realidade duríssima;

respeitar ainda mais os povos indígenas e quilombolas;

ver os povos indígenas e quilombolas de forma mais humanizada;

tornar-se semente para a luta;

a confiança nos encantados, a luta pela vida;

a espiritualidade como forma de resistência;

a partilha e o resgate de nossas ancestralidades.

Equipe Nacional de Formação do CEBI – Junho de 2024

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