A rede Jubileu Sul Brasil expressa total repúdio ao episódio ocorrido no último 1 de agosto, no qual 6 haitianos foram baleados na região do Glicério, em São Paulo. Da mesma forma, rechaça o caso de outro haitiano vítima de assalto e espancamento em Santa Catarina (RS). Os fatos expressam claramente qual tem sido o tratamento dado ao povo haitiano que chega ao Brasil, sobretudo nos grandes centros urbanos em busca de condições melhores de vida.
Estes episódios aconteceram pouco depois de uma Audiência Pública, em Brasília, ter exposto os problemas enfrentados por haitianos e haitianas que chegam ao Brasil. Chama atenção que os haitianos baleados não tenham recebido atendimento médico no dia do ocorrido, e permanecerem até a última terça (11) com os projéteis alojados no corpo.
Após o seminário realizado em 22 e 23 de maio, em São Paulo, a rede viabilizou uma visita de solidariedade à Igreja da Paz, no Glicério, onde fomos recebidos com carinhosa acolhida pelos responsáveis pela recepção e primeiros cuidados com os haitianos/as que chegam sem parar. Pudemos constatar a árdua realidade daqueles que foram obrigados a migrar.
Rechaçamos a xenofobia, ódio aos imigrantes, racismo e descaso com a vida humana em qualquer situação. A rede Jubileu Sul Brasil, que mantém uma campanha permanente em solidariedade com o Haiti, expressa enfaticamente que:
– O Brasil tem responsabilidade no fluxo migratório do Haiti para o Brasil e deve, de pronto, garantir suporte humanitário a todo haitiano e haitiana que deixou sua nação;
– As autoridades brasileiras devem, mais do que nunca, aplicar políticas migratórias em todas as áreas: saúde, trabalho, lazer, e disponibilizar equipamentos públicos para nossos irmãos e irmãs haitianos/as;
– É inadmissível que após 11 anos de ocupação da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, os governos sigam omissos no assunto, pois entendemos que a migração é uma consequência de todo esta política externa;
E exige:
– Apuração imediata dos fatos que resultaram em seis haitianos feridos à bala;
– Efetivação urgente de políticas migratórias;
– Garantia de atendimento nos postos médicos para os/as migrantes haitianos/as;
– Fim da militarização nas favelas, pois as forças tarefas empregadas no Haiti também estão sendo usadas no Brasil;
– Retirada imediata das tropas do Minustah do Haiti, que violam direitos do povo haitiano;
Acima de tudo defendemos a dignidade destas mulheres e homens que não tiveram outra escolha se não deixar seu chão, seus familiares, sua cultura e seus costumes. Sabemos que o Haiti, primeira nação a conquistar sua liberdade através da revolução, é forte. A rede Jubileu Sul Brasil se soma nesta luta que vem se construindo com irmandade dia após dia.
Por um Haiti livre e soberano. Livre aqui e em qualquer outro lugar!
Fora Minustah!
Não à xenofobia e ao racismo!
Não à militarização!
Conheça nossa campanha:
http://www.jubileusul.org.br/temas/haiti
Rede Jubileu Sul Brasil
14 de agosto de 2015