Na concentração na capital federal, que aglutinou em torno de cem mil pessoas ao longo do dia, Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), criticou a distância entre o voto dos parlamentares e a realidade das ruas. “As manifestações contra o impeachment estiveram entre as maiores da história brasileira”, disse.
Freitas também prometeu pressão sobre o Senado – onde será julgado o impeachment, sob condução do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. Além disso, o presidente da central falou na organização de um 1° de Maio histórico no país.
Já Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirmou que agora é necessário barrar o “golpe no Senado, saindo às ruas em todo o país”. Também na capital federal, Gilmar Mauro, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apontou que a votação do dia 17 abre um período em que a tarefa da esquerda é “politizar os trabalhadores”. Para ele, o papel da militância é fundamental e “mobilizou milhões” ao longo desses dias.
Por sua vez, Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), falou em um “estado de permanente mobilização”, afirmando que a luta nas ruas deve crescer e impedir um eventual governo golpista.
Unidade da esquerda
Ao longo deste domingo, na concentração em frente ao Congresso, antes da votação, lideranças dos movimentos e sindicatos já avaliavam que naquele momento estava aberto um novo cenário de luta, com a necessidade de organização da esquerda. Para eles, a construção das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo contribui nesse período de lutas.
Janislei Albuquerque, da direção nacional da CUT, avaliou que a unidade e diversidade da esquerda, vista no acampamento pela democracia e na concentração do dia 17, era inédita desde o ano de 2002. “Foi uma reaglutinação no interior da esquerda, a mais importante desde a luta contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca)”, pontuou.
Beatriz Cerqueira, presidente da CUT de Minas Gerais, avaliou que a construção da FBP fortaleceu os movimentos populares nesse processo de resistência contra o golpe. A tarefa, para ela, agora é enraizar em cada estado e cidades a Frente. “Estávamos desarticulados e temos agora mais capacidade de fazer um grande movimento”, disse.
Edson Carneiro, o “Índio”, dirigente da Intersindical, afirmou que a tarefa é de os movimentos, depois da votação do dia 17 de abril, “manterem-se nas ruas. Não reconheceremos no poder quem está de costas para o povo”, disse, referindo-se ao vice-presidente Michel Temer, que poderá assumir a Presidência do país, caso o processo de impeachment avance no Senado.
“Para dizer não à anti-democracia, devemos seguir forte na mobilização conjunta”, avaliou Maria das Dores Serqueira, coordenadora do MTST, ao ressaltar que este período será marcado por greves, paralisações, atos e trancamentos de estradas em todo o país.