Faleceu no dia 24 de janeiro, D. Samuel Ruiz Garcia, bispo católico emérito de San Cristobal, Chiapas, no México, aos 86 anos de idade.
Samuel Ruiz foi bispo da região de Chiapas e negociou com o Movimento Zapatista, nos anos 1990. Pessoa muito conhecida e respeitada no México e na América Latina, ele se tornou um grande defensor dos direitos dos povos indígenas e um ferrenho opositor ao modelo neoliberal.
Em 2008, participou de uma comissão negociadora com o Exército Popular Revolucionário – EPR -, que pedia ao governo mexicano a entrega de dois dos seus militantes desaparecidos.
Na cerimônia de sepultamento, milhares de indígenas puderam ouvir textos bíblicos em línguas tzotzil, tzeltal. Foram realizadas petições em chol, tojolabal e zoque, as principais línguas originárias, além do quiché, da Guatemala.
O bispo atual de San Cristóbal, D. Felipe Arizmendi, disse, durante as celebrações dos 50 anos de ordenação de D. Samuel, em 2009, que a sua vida e vocação ficou marcada "por descobrir e ver de perto a marginalização de uma quantidade enorme de comunidades ante uma situação de dominação generalizada". Em nota, afirmou que D. Samuel Ruiz deixou o legado, com as seguintes caracteristicas:
1. A promoção integral dos indígenas, para que sejam sujeitos na Igreja e na sociedade;
2. A opção preferencial pelos pobres e libertação dos oprimidos, como sinal do Reino de Deus;
3. A liberdade para denunciar as injustiças ante qualquer arbítrio;
4. A defesa dos direitos humanos;
5. A inserção pastoral na realidade social e na história;
6. A inculturação da Igreja, promovendo o que pede o Concílio Vaticano II, que haja igrejas autóctonas, encarnadas nas diferentes culturas indígenas e mestiças;
7. A promoção da dignidade da mulher e da sua corresponsabilidade na Igreja e na sociedade;
8. Uma Igreja aberta ao mundo e servidora do povo;
9. O ecumenismo não somente com as outras confissões cristãs, mas com todas as religiões;
10. Uma pastoral de conjunto, com responsabilidades compartilhadas;
11. A Teologia Índia, como busca da presença de Deus nas culturas originárias;
12. O Diaconato Permanente, com um processo específico entre os indígenas;
13. A reconciliação nas comunidades;
14. A unidade na diversidade;
15. A comunhão afetiva e efetiva com o Sucessor de Pedro e com a Igreja Universal.