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Luzes subversivas de um amor revolucionário

por Marcos Aurélio dos Santos*

“Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”. (Mateus: 5. 14-16).

Nesse trecho dos Evangelhos, Mateus nos conta sobre o ensino de Jesus, sobre o testemunho de vida que os cristãos e cristãs deveriam dar, um testemunho real e concreto, a partir de suas vivencias em um contexto de opressões e exclusão. Jesus ensinava no monte sobre as bem-aventuranças, um sermão que está registrado nas páginas do Evangelho de Mateus dos capítulos 5 ao 7. Assentado juntamente com seus discípulos e discípulas, Jesus ensinou sobre a missão de ser luz para um mundo marcado pela desigualdade, injustiças e opressões. Os novos discípulos e discípulas não deveriam temer retaliações e perseguições por partes dos poderes da religião e do estado, mas deveriam seguir em frente na caminhada libertária, no seguimento do seu Mestre.

Como disse Jesus, os seguidores do Cristo deveriam ser como cidades construídas em montes ou a lâmpadas que ficam no centro da casa. Deveriam ter visibilidade, serem conhecidos como os do caminho, assim como foram os profetas, seriam revolucionários de um amor subversivo. (Mateus: 5.12).

Jesus ensina que o brilho dos discípulos e discípulas se evidencia na pratica do amor às pessoas, certamente não apenas em palavras (maneira corriqueira dos religiosos), mas em ações concretas, principalmente em um contexto de sofrimento e opressão. Como subversivos do amor, são chamados para a prática das boas obras, a partir de uma respectiva sócio-política, na luta pela libertação dos oprimidos. São as boas obras que se concretiza na luta por uma sociedade igualitária, onde não haja ricos nem pobres, nem famintos nem fartos, mas igualdade. Por isso mais adiante, no sermão do monte, Jesus ensina que as riquezas da terra não têm valor, pois os ladrões roubam e as traças devoram. Jesus ensina que, o que de fato tem valor é o ajuntamento de tesouros no céu, que é a partilha e a vida comunitária, pois para o céu nada haveremos de levar. (Mateus: 6. 19-21)

Os discípulos e discípulas de Jesus são exortados a não serem avarentos e egoístas, ao contrário, são chamados para cultivar um espirito de partilha, esperança e solidariedade. Jesus os ensina sobre a missão amorosa de se ajuntar aos pobres, se fazer participantes de suas angustias e dores, na luta pela construção de uma sociedade igualitária. São exortados também a acreditar na misericórdia de Deus, em si mesmo e nas pessoas nas quais foram chamados para iluminar, por meio do testemunho cristão. É uma missão no caminho, e não acontece nos templos.

A missão de ser luz se realiza no caminho da vida, com seus múltiplos desafios nas esferas sociais, políticas, religiosas, econômicas e culturais. São luzes que caminham em comunidade, pois uma luz solitária não pode brilhar o bastante para iluminar o caminho libertador. Ninguém solta a mão de ninguém, pois fortalecer uns aos outros se faz necessário na caminhada de fé.

Hoje, uma intensa nuvem de trevas paira sobre o nosso país. A violência, a fome, o discurso de ódio, a perseguição ás minorias, a intolerância, a destruição dos direitos e o racismo tem avançado de forma assustadora. Por isso, mais do que nunca devemos ser luz, pois ser é o bastante. É preciso encarnar o amor revolucionário do Cristo na vida, é preciso encarnar a esperança e uma fé política e libertadora. É uma realidade que chama todas e todas a lutar por dias melhores.

Texto enviado pelo autor.

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