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Irmã Cleide Lazarin – A ÁGUA DA VIDA E A VIDA – QUEM É A VIDA? O QUE É A VIDA?

 

Caríssima querida Irmã Cleide Lazarin, existem momentos na vida em que os pensamentos se confundem, as emoções tropeçam e as palavras são insuficientes. É assim que sinto a reação das pessoas que como eu te conheceram, conviveram contigo. Mesmo que, também como eu, por tão pouco tempo, e em poucas vezes. É assim que me sinto. A notícia da tua Páscoa, como água que busca apaixonadamente o Oceano, sedenta de eternidade, nos deixou assim: sem palavras. Você é uma fonte de Luz, de ternura, de serenidade, de esperança e de amorosidade. Fonte de onde jorra uma água que sacia a sede de andarilhos como eu e tantos outros, mas que estimula na gente aquele desejo de ter mais sede. Sede de encontrar, de acolher, de servir, de amar.

Como não lembrar aquela terça feira à tardinha, quando nos encontramos no CEBI-Curitiba? Você me acolheu como se me esperasse com saudade. Eu um teólogo leigo, anônimo, desimportante, tímido, mas cheio de ideias, é verdade. Conversamos sobre o CEBI; sobre vários assuntos bíblicos; sobre catequese, um dos teus carismas; sobre Paulo Freire; sobre Educação Popular; sobre a Leitura Popular da Bíblia; sobre o DABAR… Você me acolheu,  me incentivou, me fez elogios e disse: o CEBI precisa muito de você! Em seguida, me apresentou três solicitações de assessoria. Campo Mourão; Francisco Beltrão e Cascavel. É para você! Saiba que daquele dia em diante, eu não parei mais! Minha gratidão a você pelo testemunho, pela alegria e pela simplicidade. Aprendi com você a dizer não para muitas coisas e a jamais dizer não para um chamado. Aprendi com você a não gastar tempo querendo provar que sou bom, mas dedicando-me a ser bom. Embora saibamos que “Só Deus é Bom” (Mc 10,18).

É significativo que três mulheres do CEBI – Leonila Eckel; Lúcia Dal Pont e Wânia Scarpetto – tenham me pedido para escrever sobre você. É significativo perceber que tudo isso que você fez comigo e por mim, você fez com e para todas as pessoas que se aproximaram de você. Ouvindo o testemunho de Alceu Facco falando sobre você, meus olhos se abriram. Vi-me nele relatando os mesmos gestos, a mesma bondade, a mesma confiança e a mesma esperança. Esse dia 14 de janeiro de 2020, ficará marcado em nossas memórias como o dia de uma linda festa no céu. Como aquela festa e aquela alegria em Cafelândia no Paraná, quando você nasceu, no dia 28 de setembro de 1959. Só que ainda maior. Você conheceu, pregou e viveu a Palavra de Deus, com a alegria e com o mesmo encanto que a estudou. Além do mestrado em Ciências da Religião e várias especializações, não é possível relatar aqui, as Paróquias, as cidades e os lugares por onde você andou. A tua luz brilhará para sempre, iluminando os caminhos das Irmãs Catequistas Franciscanas e o nosso no CEBI. Que o Deus-Água-Viva que jorra para a Vida Eterna, te receba no céu e nos dê discernimento aqui na terra. Além de dois subtítulos de tua Dissertação de Mestrado como título para este texto, lembrando que você é Água-Vida-Mulher-Luz, encerro com a oração da sua Dissertação de Mestrado.

“Divina fonte da Vida. Dá-nos ouvidos atentos, Olhos contemplativos, Coração misericordioso, Mãos estendidas, Pés itinerantes para acolhermos os gemidos dos pobres, o grito da terra ferida, o clamor pela justiça e pela paz e assim vivermos nosso compromisso de gerar, cuidar e defender a vida. Toque nossos olhos, para que possamos enxergar; toque nossos ouvidos, para que possamos ouvir; toque nossa boca, para que possamos levar adiante tua mensagem; toque nossas mãos, para que possamos ofertar com disposição; toque nossos pés, para que possamos caminhar; toque nossa vida e nos envolva; toque nosso coração e nos permita sentir o seu amor… e cuidar da vida”.

Curitiba, 16 de janeiro de 2020.

João Santiago. Teólogo, Poeta e Militante.

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