Esse não é um texto escrito por um cara de esquerda, que sempre levantou a bandeira do socialismo. Esse é um texto escrito por um cara que sempre foi um capitalista. Desde que eu comecei a formar minha visão de mundo, eu fui influenciado pelas maravilhas do mundo capitalista. Eu era daqueles que achava incrível a meritocracia, que achava que eram as grandes corporações que promoviam a evolução da sociedade, que precisávamos do livre mercado.
Nas aulas de história eu secretamente comemorei a vitória dos Aliados sobre o Eixo, mesmo sendo de origem japonesa. Eu queria que conseguíssemos criar um Estados Unidos da América aqui no Brasil.
Ou seja, eu tenho todos os motivos para ter vergonha de mim mesmo hoje. Mas não tenho. Tudo isso foi preciso para eu compor minha visão de mundo e compreensão da vida. Quando eu começo a criticar o sistema, algumas pessoas dizem. “Mas o socialismo não deu certo”. E é aí que eu digo que o Capitalismo também não.
Me desculpem, mas um sistema que leva ao esgotamento dos recursos naturais e desconexão com a natureza, à vidas infelizes com empregos ruins, à desigualdade de oportunidades e padronização de uma vida mecanizada e valorização das pessoas erradas não pode ser considerado um sistema que deu certo.
Vou explorar aqui alguns pontos.
1- Esgotamento dos recursos
Não temos mais reservas minerais. Estamos destruindo a Floresta Amazônica, criando um mundo cinza, feito de pedra. Poluímos nossos rios, lotamos de fumaça nosso ar e estamos destruindo a camada de ozônio. Nossa agricultura é monocultura e detona o solo. Ou seja, criamos uma sociedade que vive no asfalto, respira fumaça, come alimento com veneno e bebe água suja. Legal né?
Não temos mais reservas minerais. Estamos destruindo a Floresta Amazônica, criando um mundo cinza, feito de pedra. Poluímos nossos rios, lotamos de fumaça nosso ar e estamos destruindo a camada de ozônio. Nossa agricultura é monocultura e detona o solo. Ou seja, criamos uma sociedade que vive no asfalto, respira fumaça, come alimento com veneno e bebe água suja. Legal né?
2- Desconexão com a natureza
Hoje em dia ninguém sabe mais como se planta um tomate.
Achamos que as frutas vem do supermercado. Daquela seção pequena no canto da loja e com umas plaquinhas coloridas. Algumas até já vem cortadinhas e embaladas.
Ao invés de ensinarmos como se cultiva alimentos, ensinamos nas escolas como se passa no vestibular. Afinal, precisamos de pessoas com diplomas e que consigam bons empregos.
Hoje em dia ninguém sabe mais como se planta um tomate.
Achamos que as frutas vem do supermercado. Daquela seção pequena no canto da loja e com umas plaquinhas coloridas. Algumas até já vem cortadinhas e embaladas.
Ao invés de ensinarmos como se cultiva alimentos, ensinamos nas escolas como se passa no vestibular. Afinal, precisamos de pessoas com diplomas e que consigam bons empregos.
3- A condição bizarra que alçamos a economia.
Outro dia eu vi um documentário uma observação interessante. Antigamente as pessoas temiam os deuses e a natureza. Hoje o homem teme a economia. Você vê pessoas amedrontadas com o que pode acontecer com a economia esse ano, com o que isso vai causar no mercado. Mas veja bem, a Economia não existe. Não é um ser vivo. O homem criou a economia. Nós mesmos criamos um monstro que nos amedronta e controla nossas vidas.
Ninguém se preocupa se está chovendo o suficiente, se o clima está mudando e afetando as plantações. Mas falamos todo dia sobre a cotação do dólar.
Faz sentido isso?
Faz sentido isso?
4- Uma sociedade de escravos do sistema
Quantas pessoas você conhece que gostariam de fazer algo diferente das suas vidas, mas não fazem porque tem que pagar as contas no final do mês? Já escrevi sobre isso algumas vezes. Temos um sistema que não permite as pessoas serem quem elas são. Elas vendem suas vidas por um salário no final do mês. Eu não culpo essas pessoas. Elas não têm culpa de nada. Cada um tem seu motivo, necessidades, estrutura, filhos, saúde. É muita coisa pra pagar no final do mês. Eu entendo. O erro está no modelo que criamos.
Quantas pessoas você conhece que gostariam de fazer algo diferente das suas vidas, mas não fazem porque tem que pagar as contas no final do mês? Já escrevi sobre isso algumas vezes. Temos um sistema que não permite as pessoas serem quem elas são. Elas vendem suas vidas por um salário no final do mês. Eu não culpo essas pessoas. Elas não têm culpa de nada. Cada um tem seu motivo, necessidades, estrutura, filhos, saúde. É muita coisa pra pagar no final do mês. Eu entendo. O erro está no modelo que criamos.
5- Meritocracia não é um modelo justo
Quem merece mais que o outro? Você deve responder que é o cara que se esforçou e se dedicou mais, certo? Mas o que está por trás dessa dedicação? Talvez eu e você estejamos competindo pela mesma promoção. Eu trabalhei 12 horas por dia e você “apenas” 8. Então a lógica é que a vaga seja minha.
Mas eu não tenho filhos, não tenho dívidas, não sou casado e nem tenho familiares doentes. Você tem 2 filhos pequenos, uma esposa sem emprego, dívidas que você herdou e um pai doente e que necessita de cuidados. Faz sentido essa meritocracia?
6- Uma sociedade que não valoriza a arte
É mais importante ser produtivo que ser criativo. Uma pessoa que sabe vender é mais útil que uma que sabe criar. Alguém que obedece as regras consegue mais oportunidades que alguém que tem o pensamento disruptivo. Quem é bom de matemática ganha mais dinheiro que quem pinta, esculpe ou compõe. Como resultado disso temos músicos virando analistas, artistas plásticos virando assistentes e escritores virando advogados. Quantas incríveis obras de arte não matamos antes de nascer? Possivelmente fizemos um aborto das canções mais lindas do mundo.
É mais importante ser produtivo que ser criativo. Uma pessoa que sabe vender é mais útil que uma que sabe criar. Alguém que obedece as regras consegue mais oportunidades que alguém que tem o pensamento disruptivo. Quem é bom de matemática ganha mais dinheiro que quem pinta, esculpe ou compõe. Como resultado disso temos músicos virando analistas, artistas plásticos virando assistentes e escritores virando advogados. Quantas incríveis obras de arte não matamos antes de nascer? Possivelmente fizemos um aborto das canções mais lindas do mundo.
7- Nunca é suficiente
As empresas querem crescimento todo ano. Você já viu uma empresa estabelecer a meta de reduzir 15% do faturamento? Como é possível crescer todo ano? Como é possível sempre vender mais? Aqui entra uma falta de compreensão da natureza. Talvez aulas de permacultura ao invés de macroeconomia ajudaria os economistas e administradores a entenderem melhor isso. Ficamos ansiosos. Sempre temos metas a bater, temos que vender mais. Tem inflação e seu dinheiro nunca é suficiente.
E assim vivemos sempre com a cabeça no futuro e temos uma dificuldade impressionante de viver no agora.
8- Vida sem equilíbrio
Comemos mal porque não temos tempo de nos alimentar bem. Não fazemos exercício porque não sobram muitas horas durante a semana. Não nos conectamos com a natureza porque moramos em cima do asfalto e não tem verde no escritório. Não meditamos porque não podemos nos dar o luxo de ficar 5 minutos com os olhos fechados. Nossos colegas de trabalho nos criticam se a gente dorme até um pouco mais tarde um dia. Somos mal vistos se queremos tirar férias para viajar e curtir a família.
É sério isso gente?
Se você acha que tudo isso é assim mesmo e vivemos um sistema espetacular, então feche essa janela e comemore a incrível vida que você tem. Mas se você, como eu, está mudando de ideia sobre o sucesso do capitalismo, compartilhe essa mensagem.
Eu não tenho a resposta para o que funcionaria melhor. Certamente não é o socialismo que já se tentou implementar. Mas não é uma coisa ou outra.
Se você acha que tudo isso é assim mesmo e vivemos um sistema espetacular, então feche essa janela e comemore a incrível vida que você tem. Mas se você, como eu, está mudando de ideia sobre o sucesso do capitalismo, compartilhe essa mensagem.
Eu não tenho a resposta para o que funcionaria melhor. Certamente não é o socialismo que já se tentou implementar. Mas não é uma coisa ou outra.
Acho que temos a possibilidade de criar um novo sistema. Temos que aproveitar esse descontentamento e começar a explorar novas possibilidades. Não lendo e tentando replicar o que já foi escrito, mas de dentro pra fora. Fazendo aquilo que faz sentido dentro do seu coração. Experimentando a vida de uma nova forma. Errando, recalibrando, recalculando e tentando mais uma vez. Eu acho que isso faz um pouco mais de sentido que esse sistema insano que criamos.
*Por Gustavo Tanaka