Entre os dias 21 e 24 de abril de 2022, aconteceu a retomada do Curso de Capacitação de Mulheres. O Encontro contou com a assessoria de Lilian Conceição, Sacerdotisa da Ruah, e reuniu 34 mulheres. Toda a dinâmica aconteceu de forma híbrida – sendo um grupo de 5 mulheres reunidas presencialmente no estado do Espírito Santo, e as demais, 29 mulheres, pela plataforma Zoom.
Como símbolo do Encontro foi escolhido o poço, representado por canecas. Esse símbolo foi inundado por histórias de vida de mulheres de hoje, orientadas pela narrativa contida no capítulo 16, do livro de Gênesis. Além disso, o Encontro aconteceu em sintonia profunda com o abril indígena. Assim, as mulheres foram convidadas a refletir sobre a ancestralidade indígena tão presente nas vidas latino-americanas, e, nesse contexto, as participantes foram motivadas a mergulhar e entrar em sintonia com a autoafirmação de mulheres indígenas, que em marcha, no ano de 2019, disseram: “Território, nosso Corpo, nosso Espírito”.
Inspiradas pelo lema “Território, Corpo e Espírito”, a escolha metodológica para a condução do encontro, feita pela equipe que preparou os dias do encontro, foi a metodologia participativa, pautada na escuta atenta e qualificada. Nesta dimensão, à medida em que iam sendo realizadas pelas participantes, as partilhas e as ponderações foram incorporadas às reflexões já sistematizadas por teólogas negras e indígenas.
Foram dias de partilhas “ao lado do poço”, orientadas pelo cuidado e escuta, também, pelo autocuidado. Dias de resgate de ancestralidades e da fonte de água e Vida em cada uma, de busca e sede por conhecimento e autoconhecimento, de sentimentos, de ressignificação do “poço”.
As partilhas foram muitas e ninguém melhor do que as próprias mulheres que participaram para dizer as contribuições que o curso trouxe a elas, bem como o conhecimento interiorizado pode contribuir nas suas atividades pessoais e no Cebi.
Com a palavra, as mulheres:
– O curso me fortalece na caminhada por um Cebi que desvela e fortalece a trajetória de mulheres silenciadas em suas falas, corpo e vidas.
– Me reafirma o valor da partilha da vivência como metodologia ancestral de auto identificação que cura, acolhe e transforma realidades.
– Vivemos uma partilha linda, generosa, enriquecedora, profunda, que nos liberta deste patriarcado e nos empodera. Afinal, minha vida é sagrada.
– Ressalto o conhecimento histórico adquirido e sobretudo a partilha de experiências pessoais e coletivas que nos ajudaram e nos fortaleceram em âmbito individual e comunitário.
– O processo de Escuta é muito curativo. Muito! E pretendo colocar em prática. Além disso, o poço como fonte diária matou a minha sede nesses dias.
– Esses dias de encontro contribuíram para o alargamento dos meus conhecimentos e incentivo para a partilha, a escuta e o cuidado para com a outra. Contribuiu ainda para que possamos, no ambiente em que atuamos, encorajar outras mulheres a lutar pelos seus direitos e deveres de mulher, assim como fizeram tantas mulheres da Bíblia e de nossa sociedade de ontem e de hoje.
– A perspectiva do poço, de fazer uma leitura assim … de ver que o poço é um local de muitas possibilidades. Então fazer leituras na Bíblia que mostram novos caminhos e caminhos estes que libertam é maravilhoso. Fiquei ainda mais desejosa com possíveis estudos da Teologias Feministas e juntar com a metodologia da leitura popular da Bíblia.
Por fim, importante negritar que a retomada do curso de capacitação foi feita na amorosidade e na gratidão às mulheres que construíram processos de leituras feministas na Vida e na Bíblia, para além das leituras de gênero. Assim sendo, o encontro contou com a memória histórica do Curso de Capacitação de Mulheres do Cebi.
Coordenadoras do Curso de Capacitação de Mulheres