A partir da criação da área temática Emergências, nossa proposta é contribuir para a capacitação de sínodos e comunidades luteranas para a prevenção e atuação em situações de desastres", afirmou o secretário executivo da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), Carlos Gilberto Bock, ao abrir o Seminário de Capacitação em Preparação e Resposta a Emergências. O evento, organizado pela FLD, teve início segunda-feira, dia 28, em São Leopoldo (RS), reunindo cerca de 50 pessoas, entre pastores sinodais e lideranças da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), além de representantes de organizações parceiras,, como o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA) e o Conselho de Missão entre Indígenas (COMIN).
"A iniciativa da FLD se dá, em primeiro lugar, pela relação que esta tem com a Aliança ACT", esclareceu Bock. ACT é uma associação global, que integra igrejas e organizações ligadas a igrejas em torno dos temas emergências e ajuda humanitária e desenvolvimento. A FLD é membro fundadora da aliança, criada em 2010. "Além disso, desde o início de 2011, por decisão do nosso Conselho Deliberativo, a FLD definiu como uma de suas áreas de atuação a resposta a emergências. A expectativa é que possamos auxiliar os sínodos e as comunidades luteranas em processos de capacitação e prevenção a emergências e na assessoria em situações de desastres."
O engenheiro agrônomo e ecologista, Arno Kayser, que tem larga experiência na área da defesa ambiental, abordou o tema Mudanças climáticas no Brasil. Ao contextualizar a questão, ele lembrou que entre as causas apontadas para as mudanças do clima estão a erosão do solo, desmatamento e destruição da vegetação natural, monoculturas agrícolas, esgotos não tratados, a poluição industrial e a enorme produção de lixo. Os números impressionam. "A quantidade de esgoto, no Brasil, chega a 32.400.000 metros cúbicos, o que representa mais ou menos 13 mil piscinas olímipicas cheias. O triste é que desse total, apenas 8,5 milhões de metros cúbicos são tratados", disse.
Para ele, as saídas vão começar por uma mudança interna, que aos poucos vai se tornando uma mudança no mundo. "Utilizar mais o transporte coletivo, consumir alimentos produzidos nas proximidades – são mais frescos e gastam menos com transporte – e consumir menos carne são algumas atitudes que podem contribuir para minimizar a situação atual.
No que se refere à atuação das igrejas, Kayser avaliou que estas têm uma reserva moral para mobilizar as populações e para liderar processos de mudança em favor da conservação do meio ambiente e da diminuição dos efeitos das questões climáticas.
O seminário segue até quarta-feira, dia 30. Na terça-feira, o tema principal será apresentado pelo coordenador de Programa do Departamento de Serviço Mundial da FLM, o brasileiro Rudelmar Bueno de Faria. Bueno de Faria, que veio de Genebra para participar do evento, vai falar sobre a estratégia da Federação Luterana Mundial (FLM) na preparação e resposta a emergências – perguntando se esta é replicável no contexto brasileiro.