Os brasileiros e as brasileiras, sobretudo os pobres tem passado por tantas dificuldades e sofrimentos. Para viverem com dignidade faltam-lhes “moradia, escola pública eficiente, saneamento básico, (…)”.
Os pobres lutam diariamente para terem o pão de cada dia além de outras coisas necessárias. Em tempos de Eleições sentem a esperança pulsar fortemente dentro de si: “os representantes eleitos e eleitas trabalharão em nosso favor”. Neste tempo os candidatos e candidatas se apresentam como os ideais para representa-los. Discursos bonitos são feitos. Ilusões são apresentadas e conseguem convencer a muitos.
Os pequenos precisam ter cuidados: nem todos e todas que discursam bem colocam em prática suas promessas. Ora, se devem ter cuidado com aqueles e aquelas que tem palavras semelhantes a cantos de sereia, o que dizer, então de um candidato que se mostra como verdadeira serpente já antes de ser eleito? Foi o que aconteceu recentemente: Jair Bolsonaro prometeu se for eleito presidente:
“Pode ter certeza, se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Esses inúteis vão ter quer trabalhar. Se eu chegar lá, no que depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro da casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou pra quilombola. Com parcerias nós vamos resgatar esse Brasil. Comecem já ir se acostumando. Não sou e não serei um candidato para agradar. Serei um candidato para falar o que tem que ser falado. E a responsabilidade de votar é dos senhores.”
Os pobres devem está cientes que Jair Bolsonaro não fará nada que lhes favoreça. As palavras que saíram de sua boca mostram como ele é preconceituoso, que não ver como gente os índios e os quilombolas. Que não está nem aí pros direitos destes. Como nossos irmãos e irmãs irão sobreviver sem suas terras? Além de negar alguma verba para ONG, os que estão dentro dela são chamados de “inúteis”. E quanto ao problema da violência ele propõe resolvê-la armando os cidadãos. Será essa a espetacular saída? Evidente que não!
Quando chegar as eleições lembre-se do que ele falou. Coloque-se no lugar dos índios, dos quilombolas e dos que pertencem a alguma ONG e diga “não” a Jair Bolsonaro. Reflita se ele merece realmente o seu voto lembrando-se ainda de que ele ver com bons olhos a “Ditatura Militar”. Isto ficou patente no momento do Impeachment:
“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra” o pavor de Dilma Rousseff”, disse o político. (https://www.youtube.com/watch?v=2LC_v4J3waU)
Como votar em quem tem como positivo a ditatura? Infelizmente muitos pensam como o deputado Jair Bolsonaro. Muitos acreditam que a ditadura foi um “mal necessário” e quer incutir isto na cabeça das pessoas.
Não existe “mal necessário”. O “mal” nunca deve ser tido como um “bem” basta fazer uma pesquisa sobre o que se está falando:
“O Regime militar foi o período da política brasileira em que militares conduziram o país. Essa época ficou marcada na história do Brasil através da prática de vários Atos Institucionais que colocavam em prática a censura, a perseguição política, a supressão de direitos constitucionais, a falta total de democracia e a repressão àqueles que eram contrários ao regime militar.” (http://www.sohistoria.com.br/ef2/ditadura/)
Neste período foram cometidos torturas físicas e psicológica com o objetivo de ter controlo sobre a população:
O Pau-de-Arara consistia numa barra de ferro que era atravessada entre os punhos amarrados e a dobra do joelho, sendo o conjunto colocado entre duas mesas, ficando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 centímetros do solo. Este método quase nunca era utilizado isoladamente, seus complementos normais eram eletrochoques, a palmatória e o afogamento. O Choque Elétrico foi um dos métodos de tortura mais cruéis e largamente utilizados durante o regime militar. Geralmente, o choque dado através telefone de campanha do exército que possuía dois fios longos que eram ligados ao corpo nu, normalmente nas partes sexuais, além dos ouvidos, dentes, língua e dedos. O acusado recebia descargas sucessivas, a ponto de cair no chão. (…). A Palmatória era como uma raquete de madeira, bem pesada. Geralmente, este instrumento era utilizado em conjunto com outras formas de tortura, com o objetivo de aumentar o sofrimento do acusado. Com a palmatória, as vítimas eram agredidas em várias partes do corpo, principalmente em seus órgãos genitais. (…).De certa forma, falar de Tortura Psicológica é redundância, considerando que toda o tipo de tortura deixa marcas emocionais que podem durar a vida inteira. Porém, haviam formas de tortura que tinha o objetivo específico de provocar o medo, como ameaças e perseguições que geravam duplo efeito: fazer a vítima calar ou delatar conhecidos.
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Tudo isso deve ser classificado como “atos desumanos” e nunca como “mal necessário”. O profeta Isaías já gritava: “Ai dos que dizem que o mal é bem e o bem é mal, dos que transformam as trevas em luz e a luz em trevas, dos que mudam o amargo e doce em amargo!” (5, 20).
O deputado Jair Bolsonaro quer chegar a presidência, em outras palavras, ao “poder” não para servir aos brasileiros e brasileiras e de modo especial aos pobres entre tantos se encontram os índios e quilombolas. Suas palavras confirmam isso.
As eleições estão chegando e todo cuidado é pouco para não se deixar enganar por ninguém, pois muitos se apresentarão como pessoas de fé profunda no Transcendente, contudo crer na divindade não significa que tais pessoas serão bons governantes (A Palavra de Deus mostra isso através dos reis). Às vezes um ateu pode ser melhor governante se trabalhar em prol de todos e todas (principalmente dos menos favorecidos). O Ateu pode não ter fé, mas se tiver atitudes humanas está de bom tamanho.
Há mais de 2 mil anos um jovem Galileu que ficou do lado dos pobres e se fosse hoje não seria diferente ficando do lado dos índios, quilombolas, mulheres e homossexuais, ensinou uma oração que termina assim: “Mas livra-nos do mal’” (Mt6, 13). É bom que se leve a sério toda esta oração e de modo especial este final e assim não votando em candidato como Jair Bolsonaro se estará vivendo profundamente esta parte desta oração. “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 13, 9), em outras palavras, quem fizer uma análise dos acontecimentos, não dará a ele seu voto.
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Fonte: Texto de Ribamar Portela, teólogo e assessor do CEBI. Publicado pelo autor na página do CEBI no Facebook.