Leia o texto de Odja Barros publicado pelo grupo Flor de Manacá:
“Uma sobe puxa a outra”
“Uma Sobe Puxa a Outra!” é um dos lemas da Marcha Mundial de Mulheres Negras. O lema remete à uma atitude política de resistência na qual as mulheres se reconhecem como semelhantes apesar das diferenças. Somos todas mulheres, independente da cor, classe econômica, condição sexual, gerações e etc. Na condição de mulheres enfrentamos um mesmo inimigo comum: A cultura machista e patriarcal que insiste na desigualdade entre homens e mulheres que diminui e subjuga o papel da mulher negando a sua plena dignidade como semelhança de Deus.
É mais fácil resistir e vencer este inimigo permanecendo unidas e irmanadas que divididas!
A inimizade e rivalidade entre mulheres é um dos mecanismos da cultura patriarcal que usa as próprias mulheres para prejudicar umas ás outras criando hierarquias e categorias que separam e rivalizam, enfraquecendo assim nossas resistências. Alguns textos bíblicos por vezes corroboram com essa cultural da inimizade patriarcal quando reforçam modelos narrativos de oposição: Sara x Hagar, Raquel x Lia, Eva x Maria, A Mulher Sábia x A Mulher Tola, A Mulher Sensata x A Mulher Insensata.
Como desconstruir e resistir a essa cultura da inimizade patriarcal produzida e reproduzida entre nós mulheres?
A própria Bíblia nos indica algum caminho de resistência: A aliança entre mulheres! A conhecida história de Rute e Noemi, sogra e nora, mulher judia e mulher estrangeira, mulher jovem e mulher idosa que juntas resistem a um sistema injusto que prejudicava a vida e a sobrevivência delas e das mulheres do seu tempo. A aliança entre Rute e Noemi é um símbolo bíblico da potência que existe na aliança entre mulheres: Rute, porém, respondeu: “Não insistas comigo que te deixe e que não mais te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Rute 1:16.
Um dos nomes dado a esta aliança espiritual, política e de resistência entre mulheres é Sororidade! A palavra sororidade não existe na língua portuguesa, entretanto, uma palavra muito semelhante, fraternidade, pode ser encontrada em qualquer dicionário descrita como: Solidariedade de irmãos, harmonia entre os homens. Ambas as palavras vêm do latim, sendo sóror irmãs e frater irmãos. Mas, na nossa linguagem usual, ficamos apenas com a versão masculina do termo, afinal de contas, a sociedade patriarcal nos ensina que relações harmoniosas somente são possíveis de se concretizarem entre homens.
Sororidade, então pode ser definida como uma aliança espiritual e política entre mulheres. É um principio de relação entre todas as mulheres que permite derrubar os muros patriarcais da inimizade e rivalidade. Sororidade torna-se então uma espiritualidade de resistência feminista. Uma espiritualidade que afirma o valor da dignidade de todas as mulheres criando redes de apoio, afinal, não teríamos sobrevivido em condições tão opressivas se não tivéssemos contado com apoios vitais umas das outras.
O que seria de nós mulheres sem nossas ancestrais da Bíblia e da vida? O que seria de nós sem nossas mães, filhas, avós? O que seria de nós sem nossas companheiras e amigas?
O Acampamento de mulheres flor de manacá da Igreja Batista do Pinheiro é um espaço de vivência sororal onde vamos Mulherar! Celebrar o ser Mulher. No Acampamento todas nós, de todas as cores, idades e identidades nos reconhecemos simplesmente como MULHERES, rompendo com todas as separações e nos tornamos uma só na fé e na comunhão do Espírito que criou e nos concedeu a dádiva de ser mulher.
Portanto, vamos MULHERAR!
Onde?
XVII ACAMPAMENTO DAS MULHERES
Inscrições abertas!
Data: 27 a 29 de Abril/18
Local: Pousada Brisa Mar – Barra de São Miguel/AL
Tema: Mulheres: Espiritualidade, Sororidade e Resistência
Oradora: Reverenda Lilian Guarani-Kaiwa
Saiba como participar: https://bit.ly/2vRo8y6
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Texto de Odja Barros, publicado na página do grupo Flor de Manacá, 25/04/2018.