Ecumenismo

Educar pela Paz [Fábio Py]

Educar pela Paz [Fábio Py]
Causa indignação receber notícias ainda hoje sobre o uso da violência direta contra outras pessoas por conta da religião de cada qual. Pior é a percepção de que a violência religiosa cada vez aumenta. Pelos dados das pesquisas, se percebe diariamente a espiral de violência engrossando. O caso mais recente foi da menina que saindo do espaço de sua celebração religiosa foi agredida por homens, inicialmente verbalmente, que passavam do outro lado da rua. Um deles sacou uma pedra e atirou na jovem – que vinha junto a outros religiosos na saída de sua celebração. A parte superior da sua cabeça foi ferida. A menina de 11 anos devidamente paramentada de branco sangrou e manchou de vermelho seu tecido. Contudo, não acho que apenas manchou seu tecido. Muito pelo contrário. A mancha chegou a nós que democraticamente acreditamos na convivência (mais) pacífica das religiões. Assim, como se percebe, cada vez mais os setores evangélicos/protestantes vêm mostrando suas doses de ódio aos diferentes. Eu como protestante/evangélico entendo que a visão de certos setores se afunila quando assumem que o “diabo é o outro”. Entram e saem aos domingos com a cabeça feita: devem lutar pela semana contra os inimigos de seu particular “Cristo”. São cegos. Não conseguem diferenciar a vida religiosa da convivência saudável na vida comum.

Animam-se por uma leitura de mundo que mais parece voltar ao espírito da guerra santa teletransportada diretamente do ânimo das Cruzadas da Idade Média. Levando a trocar as espadas pelas pedras, e quase sempre o catolicismo pelo evangelicalismo. Promulgam no hoje o clima da peleja religiosa assumido na centralidade do catolicismo médio, mas atualizado no linguajar moderno evangélico. Mas, será que não vivemos já uma centralidade midiática evangélica? A resposta à pergunta é que sim. Porque, historicamente os evangélicos sabem manipular os meios de comunicação com muita habilidade técnica. Ao se ligar a TV, o tempo todo se pode assistir suas pregações e nas rádios por 24 horas. Existem também mídias inteiras compradas para atualizações de mensagens evangélicas, além da oferta do culto das igrejas abertos dia e noite. Compreendo que esse processo monolítico é complicado socialmente. Porque a busca pela “santidade” religiosa cristã torna-se plataforma da frequência das celebrações religiosas e vem reverberando no grau de engajamento virulento. Uma saída para isso seria que houvesse uma discussão sobre essas utilizações públicas de rádio e TV, onde se incentivasse uma maior pluralidade de abordagens, temas e assuntos para que os espaços não fossem apenas privativos das igrejas.

A impressão que passa é que tamanha oferta de serviço religioso vem causando não só o aumento do número de fiéis nas nossas igrejas, mas aprisionando-os ainda mais às mensagens antidemocráticas (o mau uso da religião). Assim, acredita-se que a discussão sobre os espaços de mídia já podem ajudar. Também se pode ajudar com o fortalecimento das redes ecumênicas e de diálogo religioso, com seus encontros, canais e caminhadas pela liberdade religiosa – uma delas, por exemplo, ocorrerá no Rio de Janeiro em setembro. Contudo, é imprescindível que, por conta, de tamanha violência religiosa rotineira no Brasil, que cada vez mais se utilize o espaço da educação para promover a paz. Portanto, é oportuno que, como resposta ao grau de exploração religiosa/midiática, que não se use os caminhos do Estado como regulador das práticas religiosas nas mídias e canais de TV. Mas, também, que ele amplie por meio dos setores educacionais (com toda sua capilaridade social) um currículo de agenda religiosa. Isto é, que permita disciplinas como mesmo a controvertida “Ensino Religioso”. Na qual não seja apenas uma curtição dos dogmas e das particulares tradições religiosas, mas que sirva para o reconhecimento da diversidade religiosa e cultural brasileira. Abarcando minimamente os mitos, ritos e tradições de tal forma que se reconheça o outro. Com a disciplina se perceba os traços comuns dos fenômenos religiosos, por isso, ele deveria obrigatoriamente ser ministrada por alguém de formação em estudos da religião, e não simplesmente das teologias particulares. Porque, como se sabe, as diferenças podem ser vistas diariamente quando se liga a televisão.

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