Animam-se por uma leitura de mundo que mais parece voltar ao espírito da guerra santa teletransportada diretamente do ânimo das Cruzadas da Idade Média. Levando a trocar as espadas pelas pedras, e quase sempre o catolicismo pelo evangelicalismo. Promulgam no hoje o clima da peleja religiosa assumido na centralidade do catolicismo médio, mas atualizado no linguajar moderno evangélico. Mas, será que não vivemos já uma centralidade midiática evangélica? A resposta à pergunta é que sim. Porque, historicamente os evangélicos sabem manipular os meios de comunicação com muita habilidade técnica. Ao se ligar a TV, o tempo todo se pode assistir suas pregações e nas rádios por 24 horas. Existem também mídias inteiras compradas para atualizações de mensagens evangélicas, além da oferta do culto das igrejas abertos dia e noite. Compreendo que esse processo monolítico é complicado socialmente. Porque a busca pela “santidade” religiosa cristã torna-se plataforma da frequência das celebrações religiosas e vem reverberando no grau de engajamento virulento. Uma saída para isso seria que houvesse uma discussão sobre essas utilizações públicas de rádio e TV, onde se incentivasse uma maior pluralidade de abordagens, temas e assuntos para que os espaços não fossem apenas privativos das igrejas.
A impressão que passa é que tamanha oferta de serviço religioso vem causando não só o aumento do número de fiéis nas nossas igrejas, mas aprisionando-os ainda mais às mensagens antidemocráticas (o mau uso da religião). Assim, acredita-se que a discussão sobre os espaços de mídia já podem ajudar. Também se pode ajudar com o fortalecimento das redes ecumênicas e de diálogo religioso, com seus encontros, canais e caminhadas pela liberdade religiosa – uma delas, por exemplo, ocorrerá no Rio de Janeiro em setembro. Contudo, é imprescindível que, por conta, de tamanha violência religiosa rotineira no Brasil, que cada vez mais se utilize o espaço da educação para promover a paz. Portanto, é oportuno que, como resposta ao grau de exploração religiosa/midiática, que não se use os caminhos do Estado como regulador das práticas religiosas nas mídias e canais de TV. Mas, também, que ele amplie por meio dos setores educacionais (com toda sua capilaridade social) um currículo de agenda religiosa. Isto é, que permita disciplinas como mesmo a controvertida “Ensino Religioso”. Na qual não seja apenas uma curtição dos dogmas e das particulares tradições religiosas, mas que sirva para o reconhecimento da diversidade religiosa e cultural brasileira. Abarcando minimamente os mitos, ritos e tradições de tal forma que se reconheça o outro. Com a disciplina se perceba os traços comuns dos fenômenos religiosos, por isso, ele deveria obrigatoriamente ser ministrada por alguém de formação em estudos da religião, e não simplesmente das teologias particulares. Porque, como se sabe, as diferenças podem ser vistas diariamente quando se liga a televisão.