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Coveiros da esperança [Roberto Malvezzi (Gogó)]

É difícil saber se há algum parlamentar católico que se oriente politicamente pelos princípios da Doutrina Social da Igreja de justiça, equidade e respeito pelos mais pobres. Mas há muita gente ali que se declara católico.

Nem vamos falar da Bancada da Bíblia, aliada da Bancada do Boi e da Bala. Esses são os adoradores do dinheiro, do poder e da violência.

Agora, com a PEC do fim do mundo, com as mudanças trabalhistas reduzindo nosso povo aos níveis da revolução industrial na Inglaterra, com a destruição da Previdência Social, seria necessário saber com quem esses parlamentares estão votando.

Para os adoradores do dinheiro e do poder, o Juízo Final é uma piada. Mas, para quem tem alguma referência em Deus, é bom lembrar que quem exclui os mais pobres atrai a maldição de Deus, também nas suas decisões políticas. Paulo VI lembrava que a política é o espaço supremo da caridade.

Portanto, vale o contrário, ou seja, pode ser o espaço supremo do egoísmo humano de classe. De qualquer forma, está aí o capítulo 25 de São Mateus: “ide para o fogo do inferno amaldiçoados… Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber (Mateus 25,41-42).

Ou seja, estive velho e não me aposentastes, estive doente e me roubastes o SUS, estive desempregado e me destes um serviço terceirizado…

Assim, do ponto de vista socioambiental, estamos sendo conduzidos a uma sociedade tipo “mundo cão”, já que exclusões sociais massivas geram desemprego, miséria, insegurança, violência, quadrilhas, tráfico, assassinatos, cadeias superlotadas, assim por diante.

Claro, vez em quando vai haver um assalto de rua e alguém da classe média tradicional será assaltado ou morto. A nata da elite brasileira anda de helicóptero e jatos particulares.

Portanto, os ditos parlamentares católicos merecem essa observação: quem ferra o pobre, também nas decisões políticas, por Deus será ferrado.

Fonte: Por Roberto Malvezzi, o Gogó, agente pastoral na região do semiárido, publicado em Correio da Cidadania, 28/03/2017.

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