Para Ruben Siqueira, coordenador nacional da CPT, a violência no campo está relacionada com a"inoperância do governo federal e sua má vontade com a reforma agrária, em conjunto com o incentivo à exportação do que é produzido pelo agronegócio.” Ele acredita ainda que o governo atual não difere muito dos anteriores em relação à democratização de terras e combate aos conflitos no campo. “A violência não diminuiu do governo FHC [Fernando Henrique Cardoso] para os governos Lula e Dilma. Na realidade, ela mantém o mesmo padrão quantitativo”, afirma.
Siqueira sinaliza ainda uma mudança nos atingidos pelos conflitos do campo, pois, se as principais vítimas do conflitos no campo eram de comunidades tradicionais, os quilombolas e índigenas, no último ano, aumentou muito o número de vítimas ligadas à reforma agrária. "Dos 23 assassinatos registrados nesse primeiro semestre de 2015, 15 dizem respeito à reforma agrária, já que os acampamentos e assentamentos estão precarizados, indefinidos ou abandonados.”, diz.
A violência se concentra na Amazônia, em especial no Pará e Rondônia, lugares onde estão sendo desenvolvidos grandes projetos como a usina de Belo Monte, a de Tapajós, Jirau e Santo Antônio.
Para o coordenador da CPT, é necessário um amplo debate sobre a reforma agrária e uma “acumulação de forças suficientes dos movimentos sociais em uma direção, pois eles estão acuados, deixaram de pautar o cenário nacional, que hoje está dominado pelos setores conservadores.”.