De 23 a 27 de janeiro aconteceu o 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) em Londrina, no Paraná. Mais de três mil pessoas de todo o país participaram do evento. Também estiveram presentes representantes da Argentina, Paraguai, França, Alemanha e Itália.
As pessoas participantes foram lideranças pastorais, freiras, padres, bispos, indígenas, quilombolas e militantes de movimentos sociais. Todos e todas estiveram reunidos para debater e celebrar o tema desta edição: “CEBs e os desafios do mundo urbano”.
Organizados em plenárias, 13 temas foram debatidos dentro da proposta geral sobre a questão de religiosidades e comunidades no meio urbano. Os temas foram:
- O Acesso e Condições de Moradia
- Os Desafios da Formação e Educação
- Democratização e participação na política partidária
- As Mudanças no mundo do trabalho e os impactos na vida da comunidade
- Movimentos e organizações sociais e populares
- Ecologia e cuidado ambiental
- Pluralismo: ecumenismo e diálogo inter-religioso
- Direito à Saúde e Saneamento
- Violência e Segurança
- Os Desafios da Mobilidade/ transporte e locomoção
- Desafios de Acesso à participação da Cultura e Lazer
- Desafios da Juventude
- Mídia, Novas Tecnologias e Direito à Comunicação
Presença e ajuda do CEBI
As CEBs sempre se serviram da Leitura Popular da Bíblia. Também neste 14º Intereclesial, o CEBI contribuiu de forma ativa, seja durante o processo preparatório nas diferentes regiões no Brasil, seja durante o grande encontro em Londrina. Nas celebrações, nos debates durante as plenárias e em diferentes momentos, a contribuição de pessoas vinculadas ao CEBI foi sempre um grande aporte.
O CEBI também colaborou de maneira efetiva no trabalho de assessoria. Tea Frigerio, Mercedes de Budalles, Mercedes Lopes, Martha Bispo, Romi Bencke, entre outras, fizeram com que a Leitura Popular e Feminista da Bíblia iluminasse a caminhada das diferentes religiosidades e dos movimentos sociais a partir do lema “Eu vi …, eu ouvi o clamor do meu povo (os oprimidos) e desci para libertá-los” (Ex 3,7).
Luciene Ortega (Campo Grande/MS) falou sobre a presença do CEBI, entusiasmada em ver tanta gente conhecida:
“A maioria dos estados que estão aqui tem alguém que já participou de alguma atividade do CEBI ou é do CEBI. Na mesa de Pluralismo, Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, as facilitadoras eram quase todas do CEBI. Hoje na plenária sobre os Desafios da Espiritualidade no Mundo Urbano, Marcelo Barros falava da necessidade dos grupos de base terem a Bíblia como fundamentação. E mais uma vez, nesse contexto, o CEBI é uma base de referência nos estudos bíblicos. É bom ver essa presença, nos motiva para o trabalho com as bases.”
Limites e desafios do Intereclesial:
ecumenismo de fato e a voz os povos indígenas
Lúcia dal Pont, Diretora Adjunta do CEBI e Reverenda da Igreja Anglicana, que acompanhou todo o processo preparatório e participou ativamente das plenárias, leva boas recordações desses dias de reflexão. Chamou a atenção, no entanto, para os entraves ecumênicos ainda existentes.
“Foi muito interessante a colocação sobre o que se tem e o que se faz, mas também acerca das dificuldades que ainda se encontram para se trabalhar junto. Esperamos maior abertura ao diálogo intereclesial e também inter-religioso. Ficam questionamentos e desafios.”
Na plenária que abriu a manhã de sexta-feira, dia 27, irmãs e irmãos indígenas tomaram a palavra no evento. Lúcia e os participantes do CEBI que acompanhavam o Intereclesial destacaram o momento:
“Foi uma fala forte, eles reivindicaram mais espaços para as representações indígenas mesmo dentro da organização do Intereclesial, foi um momento de escuta importante para todos nós que estávamos ali. Os indígenas questionaram muito o fato das igrejas que não se comprometem, e que falam muito sobre a questão do diálogo, mas que na prática isso não existe.”
O Intereclesial é um evento da Igreja Católica, mas que deseja ser ecumênico e comprometido com as causas sociais e ecumênicas. Também se fizeram presentes representantes das Igrejas Anglicana (IEAB), Igreja Luterana (IECLB), Igreja Batista (ABB) e Metodista, além de algumas pessoas ligadas a Igrejas Pentecostais. Foi também significativa a presença de pessoas ligadas a religiões indígenas e de matriz africana.
Semente de sororidade
O Intereclesial também cultivou e fez nascer uma semente de Leitura Feminista da Bíblia. Lúcia e mais de 15 mulheres que conhecem ou já fizeram o curso de Leitura Feminista do CEBI, se reuniram para pensarem juntas novos espaços para a integração das mulheres. “Elas querem construir juntas, querem falar, querem saber porque não foi realizado ainda o curso de leitura feminista em suas regiões, isso tudo foi muito motivador”, contou Lúcia entusiasmada.
A banca do CEBI
Destinada à apresentação e venda de material sobre Leitura Popular da Bíblia, a “Banca do CEBI” se constituiu também em ponto de encontro e de boas conversas. A equipe do CEBI-PR assumiu com carinho o trabalho. Luzia, Cris e Leonel (de Curitiba), Diva (de Londrina), Sandra e Jair (de Maringá) se revezaram no cuidado da banca e na acolhida de quem por ela passou. “Por aqui todo mundo ajuda”, lembrou Luciene.
Wania Scarpetto, do CEBI-PR, também gostou de reencontrar os amigos e amigas de caminhada:
“A banca do CEBI trouxe o material de estudos bíblicos para o evento, e teve muita procura. Justamente porque aqui no encontro eles destacaram muito a Leitura Popular da Bíblia, os círculos bíblicos nas CEBs. Isso é muito importante para nós do CEBI, poder refazer nosso lugar junto às CEBs. O Intereclesial também foi um momento de reencontro. Muita gente dos movimentos sociais, que já passou pelos cursos do CEBI, e mesmo povo do CEBI em outros estados, estavam aqui e foi muito bom encontrar todo mundo e perceber a força que o nosso movimento tem. Foi um espaço de esperança, de sonhar com novos trabalhos do CEBI junto às CEBs.”
O próximo encontro das CEBs já está definido! Acontecerá em 2022 com sede em Rondonópolis.
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Fonte: Centro de Estudos Bíblicos (CEBI). Edição: Edmilson Schinelo.